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Entrevista com o Centro de Valorização à Vida (CVV)

O suicídio vem crescendo em todo o mundo e, à medida em que cresce, torna-se cada vez mais motivo de preocupação, principalmente por tratar-se de um tema relacionado à saúde mental. De acordo com especialistas da saúde, bem como centros e órgãos de referência que trabalham diretamente com o comportamento suicida, a informação e o conhecimento são as melhores alternativas para quebrar o preconceito e o tabu que existe na sociedade e inserir o assunto para que todos conheçam melhor sobre suicídio.

A equipe de reportagem da Fundação Verde reconhece a importância de falar cada vez mais sobre o suicídio e tentar quebrar seus tabus por meio da conscientização, para tanto, realizou uma entrevista exclusiva com a Comissão de Divulgação do Centro de Valorização à Vida (CVV) para saber um pouco mais sobre o trabalho realizado por eles e outras informações importantes sobre os cuidados destinados às pessoas que tentam suicídio.

O Centro de Valorização à Vida (CVV), atua há mais de 50 anos em todo o Brasil dando apoio emocional, acolhimento e atenção para todas as pessoas que o procuram, independente de idade, sexo ou crença. O trabalho desenvolvido pelo CVV é referência no país e se estende também a familiares, parentes e pessoas próximas à pessoa que tentou o suicídio.
Confira a entrevista.

Fundação Verde – O índice de suicídio entre jovens têm aumentado bastante em comparação com outras faixas etárias, principalmente de adolescentes. Vocês recebem muitas ligações de jovens procurando ajuda?

Centro de Valorização à Vida – Em razão do sigilo, que é um dos pilares do CVV, não mensuramos determinados dados e informações. Acreditamos sim, que dentre as milhares de ligações recebidas, tenhamos um alto índice de jovens. Eles, assim como todos que procuram o CVV, independentemente de faixa etária, sexo, crenças, etc, recebem acolhimento, atenção e apoio emocional de maneira incondicional.

Fundação Verde – Como vocês atuam para oferecer apoio emocional e prevenção do suicídio?

Centro de Valorização à Vida – Começamos pela atração e capacitação de interessados por meio de um programa de seleção de voluntários. Neste programa realizamos um treinamento de 10 semanas para informar sobre a filosofia do CVV e treinar o atendimento. Além disso, os voluntários passam por treinamentos constantes ao longo do ano para melhorar a atuação visando a qualidade dos atendimentos e proporcionar o autodesenvolvimento.

O apoio emocional é realizado por telefone, 24 horas por dia, todos os dias do ano, nos telefones 141 e 188. Também é feito pessoalmente, no Posto, de segunda a sexta-feira, das 8h às 20h. O apoio é realizado a todos que espontaneamente procuram pelo CVV por meio do ouvir empático. Também realizamos cursos e ministramos palestras em diversos órgãos e entidades da sociedade que têm nos procurado bastante. Essa atuação do CVV Comunidade visa trabalhar com a prevenção ao suicídio.

Fundação Verde – Existe um apoio também ao familiar da pessoa com comportamento suicida?

Centro de Valorização à Vida – Sim. Hoje temos o GASS (Grupo de Apoio aos Sobreviventes de Suicídio). O grupo foi criado para estender o suporte e apoio emocional a todas as pessoas envolvidas direta ou indiretamente com o suicídio (parentes, amigos e a própria pessoa que tentou).

Ao longo dos últimos 50 anos os voluntários do CVV assistiram ao drama do suicídio tornar-se uma das maiores tragédias contemporâneas, responsável pela morte de mais de 1 milhão de pessoas por ano em todo o mundo. O crescimento em escala global do fenômeno trouxe também o aumento da busca por ajuda, o que pode ser percebido nas estatísticas de atendimento dos postos do CVV distribuídos por todo o país e pelas unidades de saúde pública.

Esta situação trouxe um enorme desafio para as iniciativas da sociedade civil organizada e para os formuladores de políticas públicas: como desenvolver redes de proteção capazes de dar apoio, orientação e recuperação para aqueles que vivem de perto esse drama. Como criar espaços de convivência, de compartilhamento e suporte onde os sobreviventes possam trocar experiências e se apoiarem mutuamente?

Foi assim que começaram a surgir em diferentes locais do país os Grupos de Apoio aos Sobreviventes do Suicídio (GASS). Com o suporte dos voluntários do CVV, cidades como São Paulo, Porto Alegre, Novo Hamburgo, Curitiba e Cuiabá já contam com grupos organizados que se reúnem uma vez por mês para facilitar essa troca de experiências e apoio emocional, possibilitando a conversa anônima.

Mesmo que não substituam o acompanhamento de profissionais da saúde, os GASS são espaços importantes, que podem propiciar aos participantes uma melhoria na qualidade, bem como maior equilíbrio e bem-estar. Usando uma metodologia já consagrada em outros grupos de apoio mútuo (como alcóolicos anônimos, por exemplo), os GASS são autônomos e autogeridos e têm como principais preceitos o sigilo e anonimato, a gratuidade, o respeito aos relatos e a livre participação.

Em Brasília o grupo se reúne toda última quinta-feira do mês, na Escola Parque 303/304 Norte, às 19h30.