A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados recebeu, nesta terça-feira (5/11), em Brasília, o ambientalista francês e deputado europeu, Daniel Cohn-Bendit, em audiência pública sobre as relações Brasil e União Europeia no que diz respeito ao meio ambiente e mudanças climáticas. Cohn-Bendit, que tem forte atuação em questões ambientais e mudanças climáticas e já participou de diversas conferências em todo o mundo, falou um pouco sobre a história da UE e afirmou que, hoje, o grande desafio da Europa é superar a crise financeira e ecológica.
Segundo ele, o Brasil é um dos países emergentes que tem maior poder para pautar os outros países a respeito da questão ecológica. No entanto, para ele, o que falta é um debate mundial verdadeiro e com metas para o futuro, que mude realmente os hábitos de vida e de consumo. Em certo momento da audiência, o ambientalista chegou a falar que os brasileiros se escondem atrás da simplicidade e fecham os olhos para os problemas ambientais, “o brasileiro é muito cauteloso, parece que negam a existência das mudanças climáticas, além de não exercerem o papel que de fato têm para influenciar outros países emergentes”.
Tais afirmações levaram os deputados presentes a defenderem o país, como foi o caso de Fernando Ferro (PT/PE), quando afirmou que o assunto meio ambiente é sempre colocado em pauta, mas que o Brasil tem dificuldades na sua representação política. Já Alfredo Sirkis (PSB/RJ), também defendeu o Brasil quando relembrou o divisor de águas que foi a Conferência de Copenhagem, em 2009 e o Brasil estabeleceu metas voluntárias para a diminuição da emissão de gases.
Conforme apurado pela equipe de jornalismo da Fundação Verde Herbert Daniel, o Brasil é o único dos países em desenvolvimento que cumpriu a meta de diminuir as emissões de gases de efeito estufa e conteve, voluntariamente, 5 bilhões de toneladas de CO2.
Durante a audiência, Daniel Cohn-Bendit foi perguntado sobre a construção da Usina de Belo Monte e os entraves com relação às consultas aos índios que seriam atingidos pela construção. Respondeu de forma enfática: “Na Europa, uma delegação de verdes europeus vai se reunir em duas ou três semanas e vamos falar sobre esse assunto. Somos totalmente contra essa hidrelétrica e vamos criar mais ligações que também sejam contra”, defendeu.
Outro assunto em pauta foi a respeito da utilização da energia nuclear após o acidente em Fukushima. Segundo Cohn-Bendit, a opinião pública europeia ficou atormentada depois desse acidente nuclear. “Os países europeus resolveram descartar cada vez mais o uso de energia nuclear. A Alemanha, por exemplo, estabeleceu que 20% viria de energias renováveis. A Angela Merkel resolveu voltar atrás na decisão de usar energia nuclear e proibiu as usinas. É uma atitude corajosa, são poucos políticos que tem essa coragem. Hoje o país utiliza 24% de energias renováveis”, exemplificou.
Além disso, Cohn-Bendit falou sobre as manifestações de junho e defendeu que o bem comum da sociedade deve prevalecer e acrescentou que, para que o brasileiro deixe de usar seus carros, o Brasil deve melhorar seu sistema de transporte disponibilizando, por exemplo, metrôs e trens para a população.
Daniel Cohn-Bendit nasceu em 1945 na França. Ficou bastante conhecido durante a massiva manifestação popular em maio de 1968, em Paris. Atualmente é deputado na Europa e co-presidente parlamentar do Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia.
Por Larissa Itaboraí
1 Comment
Antonio Carlos Monteiro de Barros Azevedo
Tem razão o francês, o brasileiro é simplista ante ás mudanças climáticas. Isso ocorre pelo alto grau de analfabetismo funcional e a complexidade do tema que nos faz dormir direto quando alguém, como eu, grita para socorrer o planteta de nós mesmos. Reflorestas e florestas salvarão o planeta saiba como no site.
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