Catador de material reciclável, profissão do futuro, moderna e essencial. Sem eles, a vida, daqui por diante, correrá imenso perigo, pois a ganância e a insensatez continuam em grande escala, fazendo muito mal para todos nós e para o futuro da própria vida.
Um mal endossado pela fala e pela ação de alguns líderes e dirigentes mundiais, como a do presidente dos Estados Unidos durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos, nesta semana. Donald Trump se lançou contra o que ele chama de catastrofismo climático.
Muito mais certa está a ativista Greta Thunberg, que pede que os jovens e a ciência sejam ouvidos. E nós da Fundação Verde Herbert Daniel diríamos mais: que os jovens e a ciência sejam ouvidos e que os catadores de material reciclável e reutilizável sejam ouvidos, valorizados e respeitados, porque, na verdade, a catástrofe é cotidiana, em doses lentas e mortais.
Basta ver que a indústria e o consumo de coisas feitas para jogar fora não param de crescer, atingindo números inimagináveis. O plástico descartado irresponsavelmente aparece em lugares do planeta onde os pés humanos nunca pisaram. Embalagens de produtos consumidos nos grandes centros, ditos civilizados, são carregadas pelas águas e pelos ventos, indo parar em pontos ainda intactos. Microplásticos vêm sendo encontrados com muita frequência nos intestinos de organismos vivos. Assim como o lixo doméstico é encontrado em quantidades absurdas em pontos específicos dos oceanos, levado pelas correntes marinhas.
Estamos sacando bens da natureza em uma velocidade e em um tempo em que a natureza não consegue se restabelecer, rompendo a sua capacidade de resiliência.
Tudo sobre o mal que estamos fazendo já foi dito nos livros sagrados de todas as religiões e, insistentemente, vem sendo dito pela ciência, mas o ser humano não ouve, ao contrário, desdenha, chama a ciência e a sensatez de alarmismo, viola os acordos, aumenta sua sede de exploração e desperdício de recursos naturais de forma desmedida.
Os catadores de material reciclável, pessoas comuns do nosso povo, por necessidade e alguns por ver ali uma fonte de renda importante, vão ser cada vez mais necessários para garantir um tempo maior de vida por aqui, pela Terra. O trabalho deles pode adiar um pouco o caos.
Se não conseguirmos parar a sanha destruidora do atual modelo econômico, por favor, vamos, pelo menos, valorizar esses profissionais: os catadores de materiais recicláveis, dando-lhes todo o mérito e os meios para que limpem as besteiras que estamos fazendo, melhorando o desempenho para, pelo menos, garantir ao planeta uma sobrevida.