Skip to content Skip to sidebar Skip to footer

Célia Sacramento, a mulher que vem ao lado de Eduardo Jorge

A candidata a vice-presidência da República pelo Partido Verde, Célia Sacramento, tem uma bela trajetória de vida que se estende para a política. Nasceu em São Paulo, mas ainda criança mudou-se para Salvador, cidade que lhe deu o título de cidadã. Atua como vice-prefeita ao lado de ACM Neto. É formada em Ciências Contábeis e Ciências Jurídicas. Acumula os títulos de especialista em Auditoria, Perícia, Consultoria Tributária e Direito Eleitoral. É mestre pela Universidade de São Paulo (USP) e doutora pela Universidade Federal de Santa Catarina. Além de atuante na política, Célia é professora licenciada da Universidade Federal da Bahia e da Universidade Estadual de Feira de Santana. Já em 2008, dois anos após se filiar ao PV, foi candidata a vereadora, sendo uma das mais votadas do Partido Verde. Dois anos depois, disputou o cargo de deputada federal pelo estado da Bahia. Em 2009, foi eleita presidente do Conselho Municipal da Mulher, cargo que ocupou por dois mandatos consecutivos.

A baiana de coração é mãe de dois jovens, aos 6 anos foi iniciada nas religiões de matrizes africanas, e aos 14 anos se batizou na igreja católica. Vem de uma família de doze irmãos e, como ela mesmo diz, seus pais foram os grandes incentivadores para que ela e os irmãos estudassem. Seu envolvimento em movimentos sociais começou pela influência de sua mãe, Dona Antônia, uma das fundadoras da Associação Nova Aliança, na qual, junto com moradores, promovia mutirões em Praia Grande, bairro do subúrbio ferroviário de Salvador. Célia participava dessas atividades junto com sua mãe, além de ter integrado diversos grêmios estudantis durante sua jornada escolar em instituições públicas, municipais e estaduais. Residiu no subúrbio e outros bairros periféricos de Salvador a maior parte da sua vida. As referências femininas de Célia em sua própria família, bem como a preocupação do seu pai com o incentivo à educação, direcionaram sua vida para que ela se tornasse, desde muito cedo, independente financeiramente. Tanto que, aos 16 anos, Célia já trabalhava para contribuir com o sustento da família.

Ainda envolvida em movimentos sociais, deu início à sua jornada para entrar na universidade. O curso escolhido era Ciências Contábeis e sua entrada na academia foi um longo processo. Apesar de ter sido excelente aluna, vinha de escola pública e ao prestar seu primeiro vestibular notou que precisaria se empenhar bem mais que de costume para conseguir ingressar na Universidade Federal da Bahia, única opção disponível para alunos de baixa renda. Sua formação havia sido técnica em contabilidade e, por isso, algumas matérias não tinham sido estudadas por Célia. Enquanto se empenhava nos estudos trabalhava como office girl na área comercial e na quarta tentativa conseguiu uma vaga na UFBA e outra na conceituada faculdade particular Visconde de Cairu. Célia conta que se matriculou nas duas faculdades, pois seu desejo era se formar na Visconde de Cairu, mas ela não tinha certeza se conseguiria pagar seus estudos.

No terceiro semestre, quando conseguiu um bom emprego como contadora de uma empresa de transportes, abandonou a UFBA e deu continuidade a Visconde de Cairu, onde se formou. Iniciou sua militância em entidades de classe ainda jovem, no ano de 1995, quando foi eleita conselheira do Conselho Regional de Contabilidade da Bahia.

Porém, antes dessa mudança de cenário, Célia deu uma importante contribuição para a juventude de sua cidade. Ainda na UFBA, ao constatar que só haviam três alunos negros em sala, pensou no que poderia fazer para mudar essa realidade e encontrou estudantes de outros cursos com o mesmo questionamento. Junto com alguns amigos e simpatizantes da ideia, ajudou a formar uma cooperativa. A meta era ajudar outros estudantes negros a entrarem na universidade.“Nosso objetivo era despertar a consciência acerca dos desafios sociais vivenciados pelos jovens negros e ajudá-los a não desistir do sonho do ensino superior”, explica Célia.

Para tanto, a partir de reflexões, mobilizaram um grupo e formaram uma cooperativa de professores para darem aulas a esses alunos. Segundo Célia, outras pessoas foram se juntando à ideia do projeto. O tema cidadania e consciência negra fazia parte do dia a dia.“Era importante trabalhar também a autoestima desses jovens”, relembra.

Já graduada em contabilidade, montou uma empresa de auditoria e começou a dar apoio à estrutura da cooperativa. Começaram a ser vistos localmente como juventude negra e passaram a ser chamados de “intelectuais negros.” Participava frequentemente de mobilizações, reuniões de associações de bairros, de mulheres e creches comunitárias.

Anos depois, durante o doutorado, a convite do presidente da Fundação Visconde de Cairu, professor Valter Crispim, passou a coordenar o NAEP – Núcleo de Assessoria a Entidades Públicas e Privadas. A partir dessa experiência, idealizou a criação do projeto FVC Consult, que tinha como objetivo qualificar e inserir a negritude jovem universitária no mercado de trabalho a partir de experiências em empresas públicas, privadas e do terceiro setor. Muitos desses jovens tornaram-se professores do ensino superior do Instituto Baiano de Ensino – IBES e da UFBA e também participaram da fundação da Cooperativa Nacional de Professores – CONAPROF. Outros se tornaram profissionais de sucesso e hoje são referência nas entidades em que atuam. Ainda na vida acadêmica, Célia coordenou diversos cursos de pós-graduação em renomadas universidades, entre elas Universidade Católica do Salvador, UNIME, Unijorge e FIB.

Em 2006, recebeu o convite do movimento social para entrar para a política. Seu nome foi escolhido, pois, segundo Célia, uma das maiores dificuldades de gestão em associações se dá na prestação de contas e regularização dos documentos jurídicos e contábeis junto aos órgãos públicos. Desde que se formou, em 1992, Célia se propunha a ajudar essas entidades em troca de oportunidade para estagiários de sua área. “Nunca recebi remuneração, pois achava mais interessante promover essa troca de experiências entre alunos”, explica Célia. Foi nesse momento que escolheu o Partido Verde por se identificar com suas propostas. O PV defende temas como a questão racial, os direitos da mulher, o respeito a todas as formas de diversidade e ao meio ambiente – questões com as quais sempre se identificou. Filiou-se ao PV e segue na defesa de temas polêmicos como o estado laico e outros de vanguarda. Célia defende ainda uma reformulação na política educacional brasileira e a necessidade urgente de reforma tributária e política.

Como vice-prefeita de Salvador, alavancou sua carreira na política trabalhando diariamente junto à população nas ruas e em seu gabinete, desenvolvendo projetos como o Plano Municipal do Livro, da Leitura e da Biblioteca, atuando pela ampliação das políticas para as mulheres, como também em prol da diversidade sexual, religiosa e promoção da igualdade racial. Além disso, alinhou a bandeira de sustentabilidade do PV junto à sua cidade com a criação da Secretaria de Cidade Sustentável.

Quanto à sua participação na política ao lado de Eduardo Jorge, Célia se diz honrada pela escolha do PV. “Eduardo Jorge é uma pessoa experiente, dedicada, competente, comprometida e consciente das necessidades da população”, defende Célia. Para ela, a transparência, a meritocracia, o controle e as práticas de governança corporativa na gestão pública são formas de combater a corrupção. “A política é a sistemática do diálogo para construção de políticas públicas para uma sociedade mais justa social e racialmente, fraterna e igualitária”, comenta Célia.

“É normal que um país tenha pobres, classe média e ricos, porém, os políticos têm o dever de construir políticas públicas que dotem o cidadão de igualdade de oportunidades. Isso só pode ser feito a partir do investimento em educação, inovação tecnológica, cuidado com o meio ambiente, e incentivo ao aumento na produtividade.” finaliza Célia.