Quando você ouve na rádio ou na televisão falarem em reforma política, o que lhe vem à cabeça? Isso mesmo, os políticos estão aprontando alguma. E acaba sendo esse o resultado de todas as reformas tentadas até aqui. Os políticos se dão muito bem com elas.
Desde dos tempos de abertura democrática, depois de passar 21 anos sem eleger presidente da república, que a classe política brasileira está devendo ao povo brasileiro regras eleitorais e políticas compatíveis com o tamanho, a importância e a complexidade do nosso imenso e diverso país.
A cada vez que o Congresso Nacional se reúne e diz que desta vez vai apresentar algo de moderno, acaba em mais um casuísmo. Agora mesmo é isso que está acontecendo em Brasília.
As regras políticas e eleitorais representam o sistema nervoso do processo democrático. É por elas que se percebe os sentimentos de uma nação e elege-se os melhores cidadãos, os quais reúnem as condições éticas, morais e intelectuais para levar o país ao enfrentamento dos desafios conjunturais e republicanos, fazendo-o um pouco melhor a cada tempo.
Mas não é isso que acontece. A primeira coisa que vem a cabeça medíocre dos nossos políticos é “como eu vou fazer para me reeleger e permanecer grudado nas tetas da Senhora República?” A Senhora está ficando sem leite.
Agora mesmo, quando se debate novamente o tema reforma política, os parlamentares estão preocupados em fazer uma redoma para se protegerem. Pensam em regras que não permita ao povo julgar seus malfeitos e criam maneiras seguras de ter dinheiro para continuar financiando campanhas milionárias.
A lista fechada, por exemplo, é uma boa regra, pois permite ao eleitor escolher pela ideologia partidária e não pela pessoa do político. Mas a lista fechada com os atuais membros do Congresso Nacional tendo prioridade para estar nos primeiros lugares da lista é fraude.
Os partidos políticos ideológicos, aqueles criados democraticamente para defender projetos de Brasil são bons. Mas os partidos pegos de baciadas para abrigar apaniguados do Presidente da República, permitindo que este tenha sempre maioria parlamentar, devem acabar logo. Aliás, nem podiam ter existido.
Deveríamos, neste momento, estar falando e debatendo o sistema de governo. Parlamentarismo, que defendo como o melhor e mais democrático sistema, nem consta da pauta deles. Fim do foro privilegiado e transparência no financiamento de campanha sempre ficará de fora dos seus debates.
Resta-nos a reação nas urnas. Seja qual a regra que eles aprovarem, vamos nos unir e derrotá-los. Quem tem mandato atualmente não pode voltar a ter. Só assim, com uma nova composição do Parlamento, poderemos sonhar em fazer a verdadeira e duradoura reforma política.
José Carlos Lima