Skip to content Skip to sidebar Skip to footer

Greenmeeting 2015

Com poucas novidades sobre o tema mudança climática e desenvolvimento sustentável, evento atraiu público menor que do ano passado e maior abstenção de palestrantes.

Este ano, o XIV Encontro dos Verdes das Américas, o Greenmeeting 2015, ocorrido nos últimos dias 29 e 30/9, em Brasília, não apresentou dados novos ou até mesmo novas soluções sobre o tema proposto, mudança climática. Além da grande abstenção de muitos dos palestrantes (já no primeiro dia de evento dois dos três palestrantes da manhã não compareceram, dentre eles o secretário de Estado do Meio Ambiente do Distrito Federal, André Lima), a maioria das palestras relatou programas e ações já conhecidos, como o polêmico Código Florestal.

Representando o Ministério do Meio Ambiente (MMA), Francisco Gaetani, secretário executivo da instituição, afirmou que desde 2011, com a implementação do Código Florestal, do novo marco regulatório do patrimônio genético e as discussões relacionadas à mudança climática, a agenda ambiental do Brasil tomou novo rumo. “A combinação desses três vetores colocou a agenda ambiental voltada para o desenvolvimento do país, no entanto, a participação de todos os setores da sociedade é importante. A responsabilidade pela redução das emissões é todo o governo e deve envolver setores como energia e agricultura”.

Gaetani afirmou ainda que, a posição do Brasil para a COP 21 que irá ocorrer em Paris, em dezembro deste ano, foi considerada uma das mais inovadoras apresentadas até o momento. “O Brasil chegou às negociações de Paris em uma posição privilegiada porque foi o país que individualmente mais fez pelo combate ao aquecimento global e pelo tratamento dos avanços na mudança climática”. Apesar dessas afirmações positivistas de Gaetani, o Brasil ainda tem muito o que melhorar em sua contribuição para o novo documento que irá sair da COP 21 em substituição ao Protocolo de Kyoto.

Com a palestra voltada para a importância da água, Maurício Andrés Ribeiro, representante da Agência Nacional das Águas (ANA), afirmou que “hoje a maior carga poluidora vem de esgotos e lixos domésticos, que geralmente são despejados em rios e córregos das cidades”. Além disso, Maurício lembrou a importância da preservação dos aquíferos que são grandes reservas subterrâneas de águas e são fontes de abastecimento valiosas. “Ribeirão Preto, por exemplo, o abastecimento de 100% da cidade é feito a partir de água subterrânea, por isso a importância da preservação”.

No último dia de evento a palestra mais relevante do dia foi a do professor do Núcleo de Estudos Ambientais da Universidade de Brasília (UNB) e Consultor Legislativo da Câmara Legislativa do DF na área de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Gustavo Souto Maior, falando sobre a (i)mobilidade urbana no Distrito Federal. Gustavo apresentou uma série de exemplos da falta de estímulo para o uso da bicicleta como meio de transporte. “Faltam ciclovias ao longo de todo o DF, estacionamentos para bicicletas, sem contar a falta de educação e segurança para os ciclistas. Só para se ter ideia, o imposto de importação de uma bicicleta é mais alto do que de um carro”, criticou o professor que também é ciclista.

“Enquanto grande parte de cidades no mundo incentiva o uso de bicicletas, o Brasil, e Brasília não está diferente, cria facilidades para quem usa o automóvel, como a ampliação de vias, a facilitação na compra de automóveis, além da construção de mais estacionamentos na cidade”, alertou Gustavo. “É preciso aceitar que o sistema baseado no uso do transporte individual é falido, além de causar milhares de mortes anualmente, além da poluição que os congestionamentos geram”.

Ainda na quarta-feira, Alan Bojanic, representante da Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), apresentou a palestra – “A importância da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação no contexto da sustentabilidade”, no qual trouxe dados sobre as principais causas da fome no mundo e afirmou que, “produzir alimentos com sustentabilidade é um dos maiores desafios atuais”.
De acordo com Alan, as mudanças climáticas extremas e mais frequentes, como alagamentos, seca, além da degradação dos solos, está alterando as áreas de produção. “Quanto mais desmatamento e perda da biodiversidades, menos água doce disponível e mais fome no mundo”. Ainda segundo Alan, apesar de todo o trabalho da FAO, ainda existem 795, milhões de pessoas com fome no mundo.

Thomaz Miazaki de Toledo, diretor de Licenciamento ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recurso Naturais Renováveis (Ibama), concedeu uma palestra bem rasa e destacou a importância do licenciamento ambiental para o gerenciamento dos impactos ambientais causados por grandes projetos, como hidrelétricas. Segundo Thomaz, a deficiência da qualidade dos estudos de impactos é um importante entrave na eficiência do licenciamento. Segundo Thomaz, “o licenciamento ambiental é hoje uma das ferramentas com maior visibilidade do país, porém, segundo avaliação dos técnicos é preciso delimitar sua área de atuação para ter maior eficácia”, finalizou Thomaz.

XIV Encontro dos Verdes das Américas – o Greenmeeting é um fórum de palestras e debates com o objetivo de ser um espaço aberto para todos os povos fazerem uma análise da atual conjuntura global e se manifestarem em prol do desenvolvimento sustentável, do meio ambiente e de uma melhor qualidade de vida nas Américas e no mundo.

Larissa Itaboraí