Foi bom ter ido dia 28 à Bahia, na interessante Salvador, testemunhar um debate promovido pelo Partido Verde a respeito das drogas.
O tema veio à baila nos últimos anos por conta de vários países começarem a mexer na sua legislação no que diz respeito às drogas, uns de uma forma mais branda, atenuando as penas para os usuários, outros com bastante ousadia, estatizando a produção e o controle.
Acredito que essas mudanças representem uma resposta dos estados ao aumento do consumo de substâncias ilícitas ano a ano, desafiando os métodos atuais de coibição. Vários estados norte-americanos, Espanha, Portugal, e o atrevido Uruguai seguiram essa linha, provocando reverberação no Brasil.
O Partido Verde, por sua vez, reza em seu programa esse discurso desde sua fundação na década de 80, quando seus militantes eram estigmatizados por grande parte dos militantes de outros partidos e da sociedade em geral. Pois bem, hoje essa discussão toma a pauta das ruas, da mídia e de câmaras legislativas. O que é muito bom.
E muito bom é um debate quando o respeito prevalece e o conteúdo aparece. Foi assim que aconteceu em Salvador, diante de uma plateia que tomou completamente o imóvel no Rio Vermelho, deixando gente em pé, deixando gente de fora.
O debatedor que falou contra a legalização se utilizou de alguns questionamentos bastante pertinentes. Quis saber se a legalização era só para a maconha ou se estendia-se para outras drogas. A utilização de alguns argumentos dogmáticos foram o ponto fraco, a meu ver.
O debatedor que falou a favor da legalização produziu um histórico interessante sobre a maconha, desmistificando e esclarecendo argumentos que são comumente utilizados de forma preconceituosa.
O público interagiu de forma intensa com os debatedores, sempre num saudável clima de exposição de ideias, sem máculas pessoais. Perguntas interessantes se intercalaram a outras nem tanto, mas acredito que isso represente exatamente o nível de conhecimento ou mesmo de maturidade para se debater o tema que cada um trouxe em seu repertório.
Replicar este debate em vários locais do país é uma forma de divulgar informação e coletar o que a sociedade pensa a respeito do tema que intersecciona perigosamente com a violência, segunda maior preocupação da sociedade brasileira hoje.
José Paulo Toffano, diretor técnico Fundação Verde e secretário nacional de formação do PV.