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Literatura como aliada na luta antirracista

No mês da Consciência Negra, a Fundação Verde traz uma seleção especial de escritoras negras brasileiras para turbinar a luta antirracista.

O mês de novembro concentra datas importantes para a luta antirracista, como o Dia Internacional da Tolerância (16/11), o Dia Nacional de Combate ao Racismo (18/11) e o Dia da Consciência Negra (20/11).

Assim, a resistência e a luta da população negra brasileira frente ao desafio de questionar e transformar essa estrutura vigente que perpetua práticas racistas ganham contornos mais intensos neste mês de novembro.

A instituição dessas datas é importante, porque uma das maiores dificuldades da sociedade brasileira é reconhecer-se racista, entender que o racismo está no cerne de nossa constituição como povo e impregnado em nossas instituições, sendo um dos principais causadores da extrema desigualdade social e econômica em nosso país.

Por isso, a luta antirracista precisa ser um princípio ético e uma prática cotidiana de todos nós. O racismo precisa ser frontalmente combatido. E uma importante aliada nesse combate é a literatura.

Pensando nisso, a Fundação Verde Herbert Daniel traz uma seleção especial de escritoras negras brasileiras para turbinar a luta antirracista.

A escritora Carolina Maria de Jesus autografando seu livro Quarto de Despejo em agosto de 1960.

Crédito: Arquivo Nacional.

Quarto de Despejo, de Carolina Maria de Jesus

O diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus (1914-1977) deu origem ao livro Quarto de Despejo, que relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela. A linguagem simples, mas contundente, comove o leitor pelo realismo e pelo olhar sensível de Carolina na hora de contar o que viu, viveu e sentiu nos anos em que morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com seus três filhos.

Olhos d’água, de Conceição Evaristo

Em Olhos d’água, de Conceição Evaristo (1946), a escritora reúne 15 contos sobre a violência que atinge as mulheres negras, sem, no entanto, cair no tom piegas. O conto que dá o título ao livro é narrado por uma das sete filhas de uma mulher negra e pobre que faz sacrifícios pelos filhos.

Livro do avesso, de Elisa Lucinda

O romance Livro do avesso, o pensamento de Edite, de Elisa Lucinda (1958), é uma prosa poética deliciosa de ler. Faz rir, emociona e enternece. A personagem principal, Edite, narra a sua trajetória do desejo, seus afetos, amizades e amores com a liberdade de um contínuo fluxo de consciência. Desejo, movimento e escuta estão neste quase diário, de tão íntimo, nesta ficção de boas surpresas inventivas – que possibilitam uma leitura não linear do romance. Elisa Lucinda, prosadora e poetisa de olhar atento, sensível, inteligente e tenro nos entrega o pensamento de Edite. Fazendo que, a partir da visita ao lado de dentro da personagem, vasculhemos nossos próprios territórios do pensamento mais íntimo​.

Quem me leva para passear,  de Elisa Lucinda

Em Quem me leva para passear, Elisa Lucinda (1958) retoma a personagem Edite, do Livro do avesso, usando a técnica literária do fluxo de consciência e, assim, vai nos permitindo conhecer o pensamento da personagem que, em seu monólogo interior, com amor e humor, nos conduz a aprimorar o olhar para a vida.

Úrsula, de Maria Firmina dos Reis

Úrsula, de Maria Firmina dos Reis (1822-1917), lançado em 1859, aparentemente apenas retrata um típico triângulo amoroso do século 19, entre Úrsula, o próprio tio e Tancredo. Entretanto, se sobressai a atuação questionadora e combativa de três personagens negros – Túlio, Susana e Antero – em relação à escravidão. A obra é considerada o primeiro romance escrito por uma mulher no Brasil. Precursor da temática abolicionista e com um tom realista sobre a escravidão, o livro retrata o negro a partir de uma perspectiva interna, ou seja, a partir da visão de uma autora negra.

Omo-obá: histórias de princesas, de Kiusam de Oliveira

Em Omo-obá: histórias de princesas, livro infantojuvenil, Kiusam de Oliveira reconta seis mitos africanos (as orixás femininas, divindades da mitologia iorubá, com toda sua força e poder) pouco conhecidos pelo público em geral. A autora oferece aos leitores um perfil de princesa bem diferente daquele dos contos de fadas europeu.

Comunicação FVHD

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