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Oito hábitos do consumidor consciente

Diante da crise climática, tem sido difícil mantermos uma postura positiva e sentirmos que, individualmente, podemos fazer algo significativo para mudar esse cenário. Parte desse sentimento deve-se ao fato de não sabermos se o que fazemos em nossa casa tem impacto real, quer dizer, se faz realmente alguma diferença na diminuição do colapso ambiental.

Mas paremos para pensar por um instante. Já somos quase 8 bilhões de pessoas no planeta. Se cada de nós incorporar, em nossas rotinas, hábitos sustentáveis e ações mais conscientes de consumo, com certeza poderemos promover transformações significativas nesse cenário de destruição do meio ambiente.

Se estamos todos em estado de alerta e, em maior ou menor medida, todos sendo afetados por eventos climáticos extremos, pandemia, poluição, escassez de água etc., que tal se todos fizermos um pacto de espalhar ideias de como trilhar uma jornada mais verde?

No Dia do Consumo Consciente (15/10), a Fundação Verde Herbert Daniel nos convida não só a repensar nossas escolhas, mas também a compartilhar estes oitos hábitos de consumo consciente.

  1. Cobre das autoridades apoio a legislações e ações ambientais

Uma das coisas mais importantes que podemos fazer, de acordo com especialistas em clima, é cobrar das autoridades leis que protejam e preservem o meio ambiente. O maior impacto que podemos exercer como cidadãos é cobrar dos políticos que trabalhem em prol das leis e ações de proteção e preservação ambiental.

Podemos entrar em contato com parlamentares eleitos em qualquer nível – local, estadual e federal – para sugerir, cobrar e fiscalizar o que eles têm feito para barrar o colapso ambiental. Outra forma é acompanhar, nos sites das referidas casas legislativas, projetos de lei, votos e participação dos parlamentares em comissões.

No site da Câmara Federal, encontramos todas as informações dos deputados federais e, dos senadores, no site do Senado.

  1. Compre somente o necessário

Muitos de nós estamos dispostos a mudar hábitos de consumo para reduzir os impactos ambientais negativos. Então, paramos de estocar produtos e alimentos, damos preferência a marcas com pegada ecológica e tentamos não comprar por impulso.

Sabemos que, quanto mais compramos, mais geramos demandas por novos produtos e mais resíduos produzimos. O ideal é fazermos pequenas compras, apenas o essencial para um determinado período. Assim, além de ajudar o meio ambiente, evitamos desperdício e economizamos.

Atenção ao greenwashing, uma estratégia de marketing que promove produtos e serviços com um “selo verde” que, na realidade, não se sustenta. Devemos ter cuidado e atenção, principalmente, com o lançamento de produtos rotulados de “biodegradável”, “não testamos em animais”, “feito com extratos naturais”, “respeito à natureza” ou coisas do gênero.

Fonte: Fundação Verde

Essa é uma forma de vincular determinada marca à ideia de ecologicamente correto, mas com um produto que, na verdade, tem baixa representatividade no faturamento da empresa e nenhum outro do catálogo da marca com o mesmo perfil.

Só para citar um exemplo, em 2015, uma gigante alemã da indústria automobilística adulterou os testes de emissão de poluentes de cerca de 11 milhões de carros da marca movidos a diesel. Depois de descoberta a falsificação, a empresa fez um recall de 8,5 milhões de unidades e amargou grande prejuízo.

O termo greenwashing foi usado pela primeira vez nos anos de 1980 pelo ambientalista Jay Westerveld, quando ele percebeu que hotéis estavam incentivando hóspedes a reutilizar toalhas para economizar água, mas isso era apenas uma estratégia de economia dos estabelecimentos com os serviços de lavanderia.

 Para saber sobre os selos brasileiros de certificação e não cair em greenwashing, visite o site do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec).

  1. Opte por alimentos in natura e orgânicos

Alimentos in natura, em especial os orgânicos, são os mais procurados por consumidores conscientes. Além de serem mais saudáveis, a produção deles também é menos impactante para o meio ambiente. Alguns têm uma aparência meio estranha, fora dos padrões, por isso são comumente descartados. Nesse caso, é importante ressignificar o uso: se um tomate estiver amassado, faça um molho em vez de uma salada. O valor nutricional será o mesmo.

Outros pontos importantes são aproveitar todos os elementos que compõem um alimento in natura – cascas, folhas, sementes, talos, polpa, tudo pode ser utilizado em receitas nutritivas ou em compostagem – e repaginar sobras de comida do dia anterior, recriando receitas.

Leia mais sobre o tema na matéria Geladeira sustentável: dicas para diminuir o uso de plástico.

  1. Diga não ao plástico de uso único 

A chamada que abre o site do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) é “nosso planeta está engasgado com o plástico”. O Pnuma estima que são produzidas anualmente no mundo mais de 300 milhões de toneladas de plástico, pelo menos metade é descartável – aquele kit de festa que nos poupa de lavar louças ou aquela garrafinha de água inocente que nos salva da sede.

O problema é que o plástico leva centenas de anos para se decompor. E, embora seja bastante difícil parar a produção desse material hoje, é importante diminuir seu consumo com alguns pequenos hábitos, como dar preferência para talheres, copos, garrafas e sacolas reutilizáveis; reaproveitar potes e embalagens; abandonar canudos; levar os próprios recipientes para pegar comida em restaurantes e evitar produtos com muitas embalagens.

Leia mais sobre o tema na matéria Julho sem plástico: prontos para o desafio?

  1. Separe corretamente os resíduos

Se tem um hábito que muitos de nós já incorporou na rotina é a separação de resíduos. Entretanto, ainda fazemos isso de maneira equivocada. Separar o lixo seco (plástico, papel, alumínio, vidro, embalagens) do lixo orgânico (restos de comida, frutas, legumes e verduras estragados) é uma das maneiras mais simples de garantir a efetividade da coleta seletiva.

É importante saber que a contaminação do lixo seco com óleos, graxas, solventes, colas etc. impede a reciclagem e uma embalagem com restos de comida dificulta o processo. Portanto, a separação correta dos materiais é essencial para que o processo de reciclagem seja bem-sucedido!

Separar o lixo seco (plástico, papel, alumínio, vidro, embalagens) do lixo orgânico (restos de comida, frutas, legumes e verduras estragados) é uma das maneiras mais simples de garantir a efetividade da coleta seletiva.

  1. Conserte, reutilize, reaproveite, recicle, doe

Uma das coisas mais importantes para praticar o consumo consciente é saber exatamente quando comprar e quando consertar, reutilizar, reaproveitar, reciclar. E essa atitude também é uma das mais complicadas de se concretizar em um mundo dominado pelos assédios do marketing digital, cada vez mais mimetizado de redes sociais.

A obsolescência programada também tem nos tornado vítimas do mercado de eletroeletrônicos. Somos praticamente obrigados a trocar de celular, notebook e televisão todo ano, porque são equipamentos com vida útil cada vez mais limitada. Os apelos do mercado da moda e do design também são cada vez mais imponentes.

É preciso resistir aos apelos do consumismo e, na medida do possível, procurar comprar produtos mais caros, porém mais duráveis. Criar grupos de trocas ou de compra e venda de produtos usados em escritórios, condomínios, vilas e quadras, por exemplo, já é uma realidade em muitas cidades do país.

Que tal voltar aos tempos de nossos avós, que consertavam brinquedos, eletros, roupas e sapatos? E uma doação é sempre muito bem-vinda, ainda mais se a atrelada a ações educativas.

Leia mais sobre o tema na matéria No mês do Consumo Consciente, um olhar sobre a obsolescência programada.

  1. Escolha o comércio justo

Um hábito de consumo consciente é nos certificar da origem ecológica e ética dos produtos que consumimos. Isso significa observar não só a responsabilidade ambiental, mas também a social e de governança de uma empresa. Com o greenwashing, esse hábito é cada vez mais importante.

E uma das formas de garantir que não estamos comprando gato por lebre é aderir ao comércio justo, um movimento internacional surgido no século 20, com experiências de alianças entre todos os membros de uma cadeia – de produtores a consumidores – nos Estados Unidos e na Holanda. Eram grupos que queriam instituir práticas e princípios comerciais mais justos.

Esse tipo de aliança busca, além de uma produção mais sustentável e da geração de emprego e renda, o lucro para todos os envolvidos na cadeia produtiva, inclusive para o consumidor, que paga preços justos por produtos aprovados e certificados.

Tudo isso só é possível se, na condição de consumidores, analisarmos não só o preço, mas também outros elementos que caracterizam o comércio justo, como condições de produção, respeito às leis trabalhistas e ambientais, financiamento de projetos sociais, entre outros.

  1. Reduza sua pegada

Uma pegada de carbono é medida pela quantidade de gás de efeito estufa, dióxido de carbono, emitida por determinada atividade. Podemos calcular nossa pegada de carbono e entender exatamente como nossos hábitos cotidianos afetam o meio ambiente no site Moss.Earth.

Independemente do resultado, todos podemos reduzir nossa pegada andando mais a pé ou de bicicleta e menos de carro. Evitar viajar de avião também é um hábito extremamente positivo para a redução de CO² na atmosfera.

Uma alternativa para quem não dispensa uma viagem é procurar destinos próximos de casa. Além disso, escolher uma hospedagem ecologicamente correta, de preferência certificada. Isso inclui hotéis ou pousadas que, por exemplo, utilizam produtos orgânicos e locais, estimulando o comércio justo. Outro ponto a observar é o estímulo ao uso racional de água e energia.

Nenhum de nós é 100% sustentável, no entanto precisamos buscar conhecimento, aperfeiçoar hábitos de consumo e compartilhar nossas histórias para inspirar outras pessoas.

Fontes:

Jus.com.br. Comércio Justo e sua eficácia no Brasil, de Antonio Evair Passos Mesquita.

TEDx Morro da Urca. As ferramentas para combatermos o greenwashing, por Letícia Méo.

The New York Times. How to Be a More Conscious Consumer, Even If You’re on a Budget, de Kristin Wong.

Por Caroline Cardoso – Comunicação FVHD