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ONU lança novo relatório do clima

O documento de 400 páginas, elaborado pelos maiores especialistas do mundo, pede transformações radicais no modo como vivemos, desde as fontes energéticas que utilizamos aos alimentos que consumimos.

Mesmo com a assinatura do Acordo de Paris, as medidas de combate às mudanças climáticas aplicadas até o momento são tímidas frente ao que o planeta deve enfrentar num futuro não tão distante. De acordo com novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) é urgente a necessidade de “mudanças rápidas, abrangentes e sem precedentes em todos os aspectos da sociedade” para conter o aquecimento global em 1.5ºC. Segundo os estudos, esse patamar pode ser superado entre 2030 e 2052, período em que grande parte das pessoas já nascidas ainda estarão vivas.

O tempo está correndo e a humanidade precisaria estar correndo no sentido contrário para combater o aumento das temperaturas no planeta. O relatório alerta que a mudança climática já está acontecendo e que a redução de emissões de CO2 nos próximos 12 anos será decisiva para conter a escalada de eventos ainda mais extremos – como secas, inundações, queimadas florestais e falta de alimentos para milhões de pessoas.

De acordo com o relatório, para conter as mudanças, diversas áreas deverão fazer alterações drásticas: energia, indústria, construção, transporte e o uso da terra. As energias renováveis devem passar de 20% a 70% da produção de eletricidade até meados do século, enquanto a participação do carvão deve quase desaparecer. A demanda por energia deve cair e a eficiência energética deve aumentar.

A indústria, por sua vez, deverá reduzir suas emissões de CO2 de 75 a 90% até 2050 em comparação com 2010 (comparado a 50-80% com 2ºC), o transporte deverá passar a usar energias de baixo carbono (35-65% em 2050 contra menos de 5% em 2020). De acordo com o relatório, serão necessários investimentos anuais de 2,4 trilhões de dólares entre 2016 e 2035 para a transformação de sistemas de energia, isto é, 2,5% do PIB mundial. Um custo que deve ser colocado em perspectiva com um custo ainda maior de não fazer nada, os cientistas apontam.

Dentro desse investimento de aproximadamente US$ 2,4 trilhões entre 2016 e 2035, os cálculos indicam que as fontes renováveis terão que produzir 85% da demanda global de eletricidade e um território quase do tamanho da Austrália, com sete milhões de quilômetros quadrados, será necessário para a produção de biocombustíveis.

Se o aquecimento seguir o ritmo atual, por causa das emissões de gases do efeito estufa, o aquecimento das temperaturas médias mundiais atingirá o patamar de 1,5 grau Celsius entre “2030 e 2052”, ressaltam os cientistas, que elaboraram a estimativa com base em mais de 6 mil estudos sobre o tema. E mesmo para limitar o aquecimento em 2 graus Celsius mudanças drásticas serão necessárias, cortando em 20% as emissões de gases-estufa até 2030, em relação aos níveis de 2010, e zerando as emissões em 2075.

Os países que assinaram o Acordo de Paris se comprometeram a adotar medidas para a redução das emissões de gases-estufa, mas os cientistas alertam que, mesmo que todos os compromissos sejam cumpridos até 2030, serão poucas as chances de limitar o aquecimento em 1,5 grau Celsius. Pelas propostas atuais, a estimativa é que o aquecimento chegue aos 3 graus Celsius na virada do século, o que traria consequências incalculáveis. O relatório aprovado pelo IPCC em Incheon será apresentado aos altos representantes de governos que irão de reunir na Conferência do Clima em Katowice, na Polônia, em dezembro.

Todos somos responsáveis pelo futuro do planeta. Mudanças no cotidiano, como a redução no consumo de carne e de derivados do leite e no desperdício de alimentos, além da substituição do carro por bicicletas ou transportes coletivos não poluentes, são importantes para conter o aquecimento global.