Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas é marcado por ausência de soluções governamentais para a destruição ambiental no país
Embora hoje (16/3) seja o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, o Brasil não tem muito o que celebrar quando o assunto é meio ambiente. Segundo o recente relatório Mudanças climáticas 2022: impactos, adaptação e vulnerabilidade, do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês), “os impactos no clima estão cada vez mais visíveis e podem ser irreversíveis”.
Porém, não é de agora que os relatórios do IPCC vêm comprovando que a ação humana tem intensificado e provocado as mudanças climáticas, principalmente por conta da emissão em excesso de gases de efeito estufa, seja por desmatamento, seja por queima de combustíveis fósseis para geração de energia. De uma forma ou de outra, todos temos responsabilidade pela crise climática.
O atual relatório do IPCC incorpora, mais que os anteriores, a integração dos conhecimentos de diversas áreas – ciências naturais, sociais e econômicas – de maneira a concretizar o reconhecimento da interdependência entre biodiversidade, ecossistemas, clima e sociedade.
Dessa forma, os riscos e os impactos das mudanças climáticas são avaliados de acordo com tendências globais não climáticas que se desenvolvem simultaneamente, como consumo geral insustentável de recursos naturais, degradação dos ecossistemas, urbanização, mudanças demográficas, perda de biodiversidade e desigualdades socioeconômicas. Tudo isso conectado pelos drásticos efeitos de uma pandemia.
Riscos locais cada vez mais intensos e frequentes
Também como comprovação dessa crise sem precedentes, os especialistas vêm mapeando o aumento da frequência e da intensidade de extremos climáticos no mundo todo. Aqui, por exemplo, nós, brasileiros, fechamos o ano de 2021 contabilizando os prejuízos causados pelo excesso de chuva em parte da Região Nordeste (especialmente no Sul da Bahia) e das Regiões Norte, Sudeste e Centro-Oeste ou tentando sobreviver à escassez hídrica na Região Sul e em parte da Região Nordeste (Pernambuco, Paraíba, Sergipe e Rio Grande do Norte).
Em Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, mais de 200 pessoas morreram em fevereiro devido a enchentes e deslizamentos causados pelas fortes chuvas. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), Goiânia teve o fevereiro mais chuvoso dos últimos 85 anos.
No dia 14 de março, o Inmet emitiu um alerta amarelo para parte do Paraná e de Santa Catarina; e um alerta laranja para as regiões Norte, Centro-Oeste, Sudeste e alguns estados da Região Nordeste.
Esses alertas significam, para os próximos dias, perigo potencial e perigo, respectivamente. No caso de parte da Região Sul do país, o volume de chuva pode variar entre 20 mm e 30 mm por hora, com acumulado diário de até 50 mm. Os ventos variam entre 30 km/h e 40 km/h e não devem passar de 50 km/h. Há baixo risco de alagamentos, descargas elétricas, queda de energia elétrica, galhos e árvores.
Já as regiões com alerta laranja devem estar preparadas para a possibilidade de um volume de chuvas acima do esperado – entre 50 mm e 100 mm por dia com ventos intensos de 60 km/h a 100 km/h. Há risco de alagamentos, descargas elétricas, corte de energia e queda de árvores.
Os cientistas que compõem o IPCC enfatizam, em seu mais novo relatório, que a mudança climática é uma ameaça ao bem-estar humano e à saúde do planeta e que ações globais efetivas devem ser orquestradas para que se garanta um futuro habitável para a Terra.
Riscos climáticos globais futuros
Segundo o relatório do IPCC de 2021, a temperatura média global do planeta aumentou 1,09 °C em relação ao período pré-industrial. E a realidade tem sido desanimadora. Os países industrializados insistem em manter acordos que tornarão o planeta ainda mais quente, embora os estudiosos mostrem que o limite seguro de aumento da temperatura da Terra para evitar os efeitos mais severos das mudanças climáticas no futuro seja 1,5 °C.
Alguns dos maiores riscos climáticos a que todos estamos sujeitos com esse aumento da temperatura da Terra são o estresse provocado pelo calor (a exposição a ondas de calor continuará a aumentar com o aquecimento adicional), a escassez de água (a 2 °C, as regiões com neve derretida podem experimentar declínio de 20% na disponibilidade de água para agricultura depois de 2050), insegurança alimentar (as alterações climáticas estão minando a segurança alimentar) e os riscos de inundação (cerca de um bilhão de pessoas em cidades costeiras e ilhas estão em risco devido ao aumento do nível do mar até meados do século).
No relatório deste ano, o IPCC mostra que, atualmente, mais de três bilhões de pessoas vivem em hotspots de alta vulnerabilidade às mudanças climáticas. Assim, permitir que a temperatura aumente mais que o patamar estabelecido no Acordo de Paris pode trazer graves consequências para todos os seres vivos.
Se não adotarmos medidas drásticas para barrar, no Brasil, o uso de agrotóxicos, o desmatamento, a exploração ilegal de minerais e madeiras, a produção de gases de efeito estufa, o emprego de combustíveis fósseis, entre outras ações, os eventos climáticos extremos serão cada vez mais difíceis de gerenciar.
Já é possível constatar nos últimos anos elevação do nível do mar, derretimento de geleiras, intensificação de tempestades, dos períodos chuvosos e de secas, entre outros fenômenos, que vêm afetando a vida de milhares de pessoas no mundo.
O aumento do calor e a seca provocam estresse em trabalhadores rurais, reduzindo a produtividade que, por sua vez, afeta o rendimento obtido com a venda da colheita. Assim, começa uma escassez de alimentos no mercado que provoca aumento de preços desses alimentos, com consequente aumento do custo de vida. Esses efeitos locais têm sido potencializados e, em médio e longo prazo, estarão espalhados globalmente.
Então, recuperar a gênese do 16 de março, instituído pela Lei nº 12.533, em 2 de dezembro de 2011, é primordial para afastar o país dos atuais retrocessos ambientais, chamar a atenção da sociedade civil e das instituições sobre a necessidade de mudança urgente dos hábitos que impactam o planeta, além de cobrar dos governos políticas públicas de preservação e recuperação de ecossistemas.
Nessa luta, cada um pode fazer sua parte!
- Lute pela conservação de áreas de proteção e preservação ambiental.
- Dê preferência a alimentos naturais, orgânicos e sazonais.
- Compre eletrodomésticos de baixo consumo energético.
- Vá a pé, de bike ou de transporte público.
- Reduza o uso de objetos eletrônicos.
- Separe seu lixo da forma correta.
- Reduza a produção de resíduos.
- Economize energia elétrica.
- Não desperdice alimentos.
- Economize água.
Por Caroline Cardoso – Comunicação FVHD
(É permitida a reprodução, desde que citada a fonte.)