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Quando a pele mais escura é a causa da morte

Não bastasse as últimas discussões nos quais os jovens negros vêm sendo tratados como autores, quando na verdade são as principais vítimas da violência, a exemplo da redução da maioridade penal, mais um dado foi divulgado para engrossar esse tema. No Brasil, o risco de um jovem negro de 12 a 29 anos ser assassinado é 2,5 vezes maior do que para um jovem branco, de acordo com os números divulgados pela Secretaria Nacional de Juventude da Presidência da República na primeira semana de maio.

O relatório faz parte do Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial 2014 e foi elaborado a partir da parceria entre a Secretaria Nacional de Juventude (SNJ), o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Ministério da Justiça e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). De acordo com o estudo, constatou-se que, em todos os estados brasileiros, exceto no Paraná, os negros, que incluem pretos e pardos, com idade de 12 a 29 anos, correm mais risco de exposição à violência, ou seja, estão mais vulneráveis que os brancos (que incluem brancos e amarelos), na mesma faixa etária.

Os estados de São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais e Distrito Federal aparecem com o índice de vulnerabilidade mais baixa. Nos dados avalliados sobre a desigualdade, entre os anos de 2007 a 2012 o Piauí foi o estado em que o índice mais cresceu, registrando um aumento de 25,9%. Já o estado do Rio de Janeiro foi a unidade da federação com a maior redução da desigualdade, com 43,3%.

Os três estados que aparecem na frente no risco de homicídios de jovens negros em relação a brancos são Paraíba (13,4), Pernambuco (11,57) e Alagoas (8,75). A região Nordeste, de uma maneira geral, aparece com a maior distância entre a taxa de homicídios de jovens negros e brancos. Em 2012, foram assassinados 87 negros para cada grupo de 100 mil jovens negros na região, contra 17,4 jovens brancos para cada grupo de 100 mil jovens brancos.

Os dados de homicídios foram obtidos no Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. Segundo o governo federal, o novo indicador será utilizado pelo Plano Juventude Viva, da Secretaria Nacional de Juventude, para orientar políticas públicas de redução da violência contra jovens no país.

Durante a divulgação dos dados, Marlova Noleto, representante da Unesco, alertou que o encarceramento precoce não significará redução da violência, afirmando uma postura defendida pelo Partido Verde. Ainda em sua fala, Marlova afirmou que o Brasil precisa fazer escolhas e se perguntar qual projeto de nação vai querer, o que defende os direitos humanos ou o que lida com a barbárie.

Larissa Itaboraí