A Fundação Verde Herbert Daniel promoveu no último sábado, dia 31 de maio, em Ribeirão Preto, o quarto e último Seminário de Diversidade Sexual e Sustentabilidade, proposto pelo ativista André “Pomba”. O seminário aconteceu na sede do PV da cidade, teve o público de 10 pessoas, duração de 4 horas, com os seguintes paineis: Gestão Pública, Sustentabilidade, Militância LGBT e de Travestis & Transexuais.
Para falar de sustentabilidade, o empresário, ambientalista e coordenador da Bacia 21 do Partido Verde/SP, André Rodini, explicou a dificuldade em introduzir este tema na população em geral. Ele citou que no programa de rádio que comanda, ele trata de temas populares e de forma transversal introduz alguns dos desafios na região, como a preocupação com a exploração intensiva do Aquífero Guarani, que abastece a cidade.
Para falar sobre as especificidades do segmento de travestis e transexuais, a conselheira estadual LGBT e presidente da ONG Asgattas/Ribeirão Preto, Agatha Lima falou um pouco da sua experiência pessoal e da vivência em Ribeirão Preto. Com muita naturalidade expôs os problemas que ocorrem com as cirurgias de readequação sexual e toda preparação prévia para a mesma como hormonioterapia e consultas psicológicas. Traçou um panorama entre a despatologização da homossexualidade, mas que o transtorno de identidade de gênero continua no CID (Código internacional de doenças). Citou explicações a respeito a diferença entre homofobia e transfobia, pois a primeira decorre por conta da orientação sexual e a segunda é uma questão de gênero. Por fim defendeu a lei da identidade de gênero, como forma de desburocratizar e facilitar a obtenção de documentos com o nome social.
Márcia Cabral (assessora da deputada estadual Leci Brandão) foi a escolhida para falar sobre militância LGBT. Inicialmente falou sobre sua trajetória pessoal e colocou como a ajuda na organização do primeiro trio de lésbicas na Parada do Orgulho LGBT como seu debut na militância. Cabral afirmou que o movimento LGBT hoje em dia está contaminado pelo excessivo partidarismo e que há a necessidade de uma maior independência para que possa sair deste círculo vicioso. Também explicou o ocorrido na divisão a respeito da Caminhada das Lésbicas, que tradicionalmente é feita um dia antes da Parada de São Paulo. Finalizou tratando do assunto racismo e da necessidade de cotas raciais para recuperar uma injustiça histórica em relação à população negra,
Para falar sobre gestão pública, foi convidado o ex-coordenador de Políticas para a Diversidade Sexual e do Centro de Referência LGBT de Campinas, Paulo Reis. Paulo explicou que o CRLGBT de Campinas foi o pioneiro no Brasil, criado em 2003 e serviu de modelo para a implantação de outros em várias capitais e grandes cidades, através do Programa Brasil Sem Homofobia do Governo Federal. Paulo também explicou detalhadamente os percalços na gestão pública, desde a falta de apoio do executivo, até da dificuldade quando alguns temas tem que ser votados pelo legislativo municipal. Completou dizendo que Campinas até hoje não tem um conselho municipal institucionalizado, o que prejudica no respaldo de implantação de mais políticas públicas.
Ainda foi feita uma interessante roda de papo papo, mediada pelo conselheiro municipal LGBT de São Paulo e coordenador do PV Diversidade, André “Pomba”. Nela, os participantes puderam se aprofundar nas questões que foram trazidas pelos palestrantes, bem como esclarecer as dúvidas das falas. No final, um grupo organizou uma visita à sede da ONG As Gattas, para conhecer um pouco mais das suas atividades.