A estiagem que atinge todo o Brasil alcançou o rio São Francisco, maior rio totalmente brasileiro. Sua nascente, localizada em São Roque de Minas, mais precisamente na Serra da Canastra, secou. Essa é a principal nascente de toda a extensão do rio, que tem 2.700 km e abrange 504 municípios de sete unidades da federação – Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Goiás e Distrito Federal. O São Francisco nasce na Serra da Canastra, em Minas Gerais e desemboca no Oceano Atlântico na divisa entre Alagoas e Sergipe. De acordo com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), essa situação é preocupante e abala todo o ecossistema da região.
Luiz Arthur Castanheira, coordenador do Parque da Canastra explica que não há medidas paliativas para aliviar a situação e o jeito é torcer para que a chuva chegue. Não bastasse esse cenário alarmante, focos de incêndio tem atingido todo o Parque Nacional da Serra da Canastra. Só no mês de julho, o fogo devastou cerca de 40 mil hectares de vegetação nativa. O último incêndio durou quatro dias e pouco depois foram registrados mais quatro focos. A importância socioambiental da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco é indiscutível. Ela abrange 639.219 quilômetros quadrados de área de drenagem e, segundo o CBHSF, a vazão média é de 2.850 metros cúbicos por segundo, o que equivale a 2% do total do país.
Em Minas Gerais, diversas regiões além da Serra da Canastra enfrentam o problema da seca, entre elas cidades do Triângulo Mineiro, Zona da Mata e Centro-Oeste do estado, que já chegaram a decretar situação de emergência pelo desabastecimento e a multar moradores flagrados desperdiçando água. Além disso, as principais barragens do Alto São Francisco, que são a de Três Marias e Sobradinho, estão sendo ameaçadas e se aproximam do limite de volume útil de água. Na Represa de Três Marias, que é a primeira barragem construída ao longo do rio, o volume útil chegou a 6% esta semana. A de Sobradinho, 31%. Os níveis baixos causam impactos catastróficos, como a invasão do oceano no rio salinizando a água doce.
Ainda de acordo com o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, desde o ano passado foram gastos aproximadamente R$ 30 milhões em Minas Gerais para a construção de barragens menores, cercamento de nascentes, entre outras medidas. Porém, com o período de estiagem, as obras não foram suficientes.