Em dezembro último, após 14 anos tramitando no Congresso, foi sancionada pelo presidente Lula a Lei da Mata Atlântica.Esta lei consolida os limites da Mata Atlântica e estabelece regras para seu uso.
A Mata Atlântica originalmente abrangia uma área equivalente a 1,36 milhão de quilômetros quadrados e estendia-se ao longo de 17 estados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Goiás, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e Piauí). Hoje restam apenas 100.000 quilômetros quadrados, ou apenas 7%. Na região da Mata Atlântica vivem mais de 110 milhões de brasileiros (mais de 60% da população do país) que dependem da floresta para obtenção de recursos naturais essenciais à vida, como a água.
A demora da lei em ser aprovada e sancionada deve-se principalmente a resistência dos ruralistas, imobiliárias e mineradoras. Estes setores ainda, em sua grande maioria, demonstram indiferença para com os aspectos ambientais, privilegiando única e exclusivamente os fatores econômicos. A proteção da natureza é vista por estes setores como entrave ao desenvolvimento econômico, aliás, ao seu próprio desenvolvimento econômico, pois o legado que deixam ao país e às futuras gerações é desalentador.
O mundo atual demanda uma visão integrada entre economia, ambiente e sociedade, praticada e conduzida em conjunto por governo, sociedade civil e empresariado.
Cabe a nós, sociedade civil, mudarmos os paradigmas de alguns setores do empresariado que ainda conflitam com a natureza. Para muitos empresários o meio ambiente e os mecanismos de proteção ambiental são, na melhor das hipóteses, um mal necessário. No máximo submetem-se aos controles devido ao risco de multas e penalidades.
Cabe a nós fazer pressão para que estes empresários mudem suas idéias. A pressão da opinião publica e o consumo consciente tem o poder de transformar comportamentos empresariais, principalmente junto às empresas com ações na bolsa ou que comercializam com paises ambientalmente engajados, como os da Comunidade Européia.
É importante que o descaso ambiental destas empresas seja refletido diretamente nos seus balanços financeiros e somos nós, sociedade, que devemos dar os primeiros passos nesta direção, consumindo ou comprando de forma consciente e pressionando as empresas “ambientalmente incorretas”.