Só em 2016, 106 índios se suicidaram.
O suicídio entre a população indígena aumentou 18% no Brasil segundo relatório. A mortalidade infantil também apresentou crescimento de 18,5% comparados aos dois últimos anos, 2015 e 2016, e integram o relatório anual de violência contra os índios publicado no início de outubro, em Brasília, pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), associado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Só em 2016, 106 índios se suicidaram. Na região do Alto Rio Solimões, em 2015, foram registrados 13 casos de suicídio. Em 2016 esse número saltou para 30. O Mato Grosso do Sul teve 30 casos de suicídios, elencando o posto de segundo estado mais violento para indígenas, segundo os dados do documento.
Violência crescente – As mortes em 2016 no Brasil mostram a continuidade das agressões aos povos tradicionais. Em 2015, foram registrados 137 assassinatos. Em 2014, 138. Em 2013, quando foram contabilizados apenas os casos informados por integrantes do Cimi e registrados pela imprensa, sem dados oficiais, foram 53.
O relatório do Cimi aponta que Roraima ficou em primeiro lugar no número de homicídios, somando 44 vítimas. O estado do Mato Grosso seguiu na segunda colocação com 18 casos e em terceiro e quarto, respectivamente, apareceram Ceará e Maranhão, com 11 e sete casos.
No último ano, um grupo paramilitar atacou guaranis que estavam acampados em Caarapó (MS), resultando no assassinato de um índio. No ataque, foram feridos outros seis, incluindo uma criança de 12 anos.
Mortalidade infantil – A mortalidade entre as crianças indígenas também apresentou grande elevação de 2015 para 2016. No último ano, 735 crianças indígenas de até cinco anos morreram por doenças variadas. Em 2015, foram 599. Só a etnia ianomâmi contabilizou no último ano 103 mortes. Nesse período, 735 crianças indígenas menores de 5 anos morreram por causas diversas, como em decorrência da desnutrição infantil.
Os dados foram conseguidos a partir de solicitações feitas a partir do Lei de Acesso à Informação, mas o Cimi afirma que grande parte deles não permitem uma análise mais aprofundada dos casos, visto que não apresentam informações detalhadas das ocorrências, como faixa etária, localidade e povo.
Os números do Cimi foram compilados a partir de informações repassadas pelos Distrito Sanitário Especial Indígena DSEI responsáveis pela saúde indígena em suas respectivas regiões.
Dom Leonardo Steiner, secretário geral do CNBB, afirmou em entrevista coletiva que todos os anos em que o relatório é apresentado a violência continua. Segundo Dom Leonardo, essa violência tem que acabar, visto que os índios são os primeiros habitantes do país e ajudam a conservar a cultura brasileira.