Desde de 2008 o Brasil não apresentava aumento nas emissões de CO² na atmosfera, é o que aponta o estudo chamado Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG), do Observatório do Clima. Segundo o relatório, as emissões brasileiras de gases-estufa aumentaram 7,8% em 2013 em relação ao ano anterior e bateram em 1,5 bilhão de toneladas de CO². De acordo com Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, esse crescimento não deve ser desprezado e parte disso se deve à todos os setores da economia que elevaram suas emissões.
De acordo com o relatório, o aumento das emissões de gases-estufa em 2013 foi puxado pelas mudanças de uso do solo – com o crescimento do desmatamento da Amazônia e do Cerrado – pela energia, em função do aumento do uso de termelétricas de fontes fósseis e consumo de gasolina e diesel. Esse desmatamento da Amazônia e do Cerrado representam a maior parcela das emissões brasileiras (35%, segundo o SEEG), mas as emissões de gases-estufa relacionadas à energia representam 30% do total brasileiro. A agropecuária respondeu por 27%, os processos industriais por 6%, e os resíduos por 3%.
O SEEG conseguiu mapear ainda a origem, por estado, das emissões em 91% do volume total. Pará (11,2%) e Mato Grosso (9,4%) lideram o ranking dos Estados mais emissores de gases-estufa no País, seguidos por São Paulo (8,5%) e Minas Gerais (7,5%). Ainda segundo o estudo os brasileiros, per capita, emitem 7,8 t CO². É o primeiro aumento de emissões por habitante desde 2004.
As informações do estudo foram divulgadas no último dia 21 e teve a colaboração de cientistas de várias partes do mundo. No total foram emitidas 36,1 bilhões de toneladas métricas de dióxido de carbono CO² no ano passado, alta de 2,3% em relação a 2012. As três nações que mais emitem gases contaminantes – China, Estados Unidos e Índia – viram suas emissões darem um salto. As emissões da Índia cresceram 5,1%, enquanto as da China subiram 4,2% e as dos Estados Unidos, 2,9%.
Os cientistas prevêem que a quantidade de gases poluentes na atmosfera seguirá aumentando e que, em 30 anos, o planeta estará 1,1ºC mais quente que agora. O ecologista Chris Field, do Instituto Carnegie e que encabeça o painel da ONU sobre aquecimento global (o IPCC) afirma que os estudos oferecem “uma imagem sombria das medidas que devemos tomar para fazer frente ao desafio da mudança climática”.
Esses e mais dados estão disponíveis para consulta em plataforma online do sistema (www.seeg.eco.br) e são coordenados pelo engenheiro florestal Tasso Azevedo.