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Territórios da Dignidade promove inclusão social e política dos índios

Projeto visita, a partir da semana que vem, aldeias guaranis para direcionar povos indígenas a resgatarem seus direitos coletivos reafirmando-os como cidadãos.

A falta de valorização da cultura e tradição indígenas pelos próprios índios é um dos fatores que leva tantos deles ao alcoolismo e ao suicídio. Essa é uma realidade constante entre os povos tradicionais que Kaká Werá Jacupé, líder indígena, deseja modificar levando o Territórios da Dignidade – projeto que visa promover o resgate da valorização cultural dos povos tradicionais – a quatro aldeias indígenas a partir do dia 25 desse mês. Os moradores das aldeias visitadas poderão participar de oficinas de vídeo e assistir filmes feitos por cineastas indígenas.

Kaká Werá, coordenador do projeto Territórios da Dignidade, deseja trazer para a sociedade um panorama mais próximo da realidade desses povos e mostrar a importância da continuidade das tradições indígenas dando auto estima aos índios e ouvindo suas demandas. “Lutamos pelo resgate da cultura e valorização indígena”, afirma Kaká. Com o projeto, o líder indígena pretende ainda difundir as visões de mundo das matrizes indígenas do Brasil para expressar seus valores e dignidade cultural.

Além desse resgate cultural, a ideia de Kaká é coletar depoimentos nas aldeias visitadas e saber o que os índios pensam a respeito do Brasil e o que pode ser feito para que o Brasil melhore como nação. “Esses depoimentos são uma ponte direta das vozes das comunidades”, declara Kaká, que é Secretário Nacional de Assuntos Indígenas do Partido Verde. “A ideia é transformar esses depoimentos em um documentário da Secretaria de Assuntos Indígenas do PV e disponibilizá-los na internet”, explica.

Essa ação itinerante do projeto Territórios da Dignidade é fruto de uma integração com o projeto Cinesolar Tupã, que resgata a dignidade cultural indígena e os valores ancestrais por meio da exibição de filmes produzidos por cineastas indígenas, além da realização de oficinas nas aldeias. O Cinesolar Tupã possui cinema itinerante e utiliza energia solar para exibir filmes, unindo cultura e sustentabilidade. A estreia do cinema itinerante foi no Museu de Arte de São Paulo (MASP) em abril passado, e contou com a exibição de oito filmes de cineastas indígenas.

A partir da próxima semana (25/5), os dois projetos seguem para São Paulo, Paraná e Santa Catarina e levarão filmes produzidos e dirigidos pelos índios e oficinas de vídeos para aldeias guaranis desses estados. De acordo com Cynthia Alario, coordenadora do Cinesolar, o projeto busca atrelar temas da ancestralidade e tecnologia. “O projeto tem em sua base a difusão da arte, da sustentabilidade, do cinema e da cultura de paz”, explica. Segundo Kaká, a união dos projetos proporciona “um relacionamento lúdico associado a reflexões sobre questões relativas à cultura, valores e cidadania, em meio à pluralidade étnica da sociedade brasileira.

Segundo Kaká, o Territórios da Dignidade também tem como premissa expor questões contemporâneas para o futuro e oferecer para a sociedade, por meio de ferramentas que estarão disponíveis na internet, um cenário mais próximo dos anseios das culturas remanescentes sem as distorções e limitações que os meios de comunicação tradicionalmente impõem ao imaginário brasileiro.

Territórios da Dignidade: Os povos indígenas em direção ao resgate de seus direitos coletivos – Idealizado por Kaká Werá e com apoio da Fundação Verde Herbert Daniel (FVHD), a primeira ação do projeto foi a realização de um seminário em São Paulo, em setembro e outubro de 2015, com líderes indígenas, que expuseram suas diversas demandas de preocupações em comum. A segunda ação foi um seminário com 26 lideranças e escritores indígenas para a elaboração de dois manifestos que servirão como base para o desenvolvimento de uma proposta de política pública que será apresentada pelo Partido Verde.

A importância desse projeto para a sociedade e para os próprios índios consiste em manter viva a tradição da ancestralidade brasileira. Desde seu surgimento como partido político, o Partido Verde dá importância, atenção e respeito às causas indígenas tanto no Brasil como no mundo. Essa preocupação se reflete na criação da Secretaria de Assuntos Indígenas do PV e também na Comissão Parlamentar para Assuntos Indígenas, que teve participação e colaboração efetiva do presidente do Partido Verde, José Luiz Penna, enquanto deputado federal pelo PV/SP (2010 a 2014).

Apesar desses povos serem tradicionais e fazerem parte não só da atualidade, mas também da história brasileira, a sociedade é constantemente bombardeada com ideias distorcidas que reforçam o preconceito, o desamparo social e o desequilíbrio ecológico. Por isso o PV considera importante não só as lutas históricas dos povos tradicionais, mas também contribui para o resgate da dignidade dos remanescentes e descendentes de culturas ancestrais, visando a construção e fortalecimento de uma cidadania inclusiva.

Cinesolar Tupã – O projeto é uma iniciativa da ONG Brasukah e leva o cinema para circular por diversos locais do Brasil, dando oportunidade para um grande número de espectadores assistirem filmes que falam sobre sustentabilidade com foco em três eixos: social, econômico e ambiental. Na estrada desde 2013, o Cinesolar é equipado com placas solares que possibilitam, por meio de um sistema conversor de energia solar para elétrica, a exibição de filmes e apresentações teatrais. É o primeiro no Brasil a utilizar essa tecnologia. Além das sessões de cinema, o projeto promove oficinas de cinema, música orgânica e ecografite para crianças e adolescentes. Essas atividades propõem ainda a reciclagem de materiais para a confecção de instrumentos musicais e o preparo de pigmentos naturais como argila e urucum nas pinturas produzidas pelos participantes.

Filmes produzidos por cineastas indígenas

A Gente Luta, Mas Come Frutas, de Isaac Pinhanta e Valdete Pinhanta (Ashaninka). Documentário. 6 min. Livre

Nós e a Cidade, de Ariel Duarte Ortega. (Mbya Guarani). Documentário. 5 min. Livre

Bimi: Mestra de Kenes, de Zezinho Yube (Hunikui). Documentário. 4 min. Livre

História do Monstro Kátpy, de Whinti Suya, Kambrinti Suya, Yaiku Suya, Kamikia P.T. Kisedje, Kokoyamaratxi Suya (Kisêdjê). Ficção. 4 min. Livre.

Kidene: Academia Kuikuro, de Takumã Kuikuro (Kuikuro). Documentário. 5 min. Livre

Depois do Ovo, a Guerra, de Komoi Panará (Panará). Documentário. 15 min. Livre.

Marangmotxíngmo Mïrang – Das Crianças Ikpeng Para O Mundo, de Karané Ikpeng, Natuyu Yuwipo Txicão e Kumaré Ikpeng (Ikpeng). Documentário. 35 min. Livre

Larissa Itaboraí

Mais informações sobre o Projeto Territórios da Dignidade:

Coordenador Nacional do Projeto Territórios da Dignidade
Secretário de Assuntos Indígenas do Partido Verde
Líder Indígena, escritor e ambientalista
Kaká Werá Jacupé

Contato: (11) 98758-2977/ kakawera@gmail.com