Nos dias 27 e 28 de maio, Brasília recebeu o XIII Encontro Verde das Américas, o Greenmeeting 2014, trazendo importantes temas cada vez mais atuais nas pautas de todos os governos rumo à sustentabilidade e preservação do meio ambiente. Nos dois dias de evento, assuntos como preservação das nascentes, reflorestamento, conservação dos recursos hídricos, coleta seletiva e a inclusão dos catadores e eficiência energética foram debatidas por lideranças nacionais e internacionais que apresentaram suas contribuições em busca de uma gestão ambiental eficiente.
Foram apresentadas soluções locais e globais que estão sendo feitas em diversas regiões, como a recuperação das nascentes e plantio de espécies de mata atlântica nas margens dos rios que cercam a cidade de Barra Mansa, no estado do Rio de Janeiro. Segundo Jonas Marins de Aguiar, prefeito do município, a discussão sobre a recuperação das nascentes está sendo levada para as escolas, para que as crianças juntamente com os gestores municipais trabalhem na proteção das nascentes. Ao todo, estão sendo investidos cerca de R$ 45 milhões para o tratamento e a recuperação das águas no município.
Atualmente, o uso sustentável da água apresenta-se como um dos grandes desafios a serem enfrentados tanto por países desenvolvidos, quanto por países em desenvolvimento. Pensando nisso, Julio Cesar, assessor e substituto da embaixadora do México, Beatriz Paredes, apresentou a palestra “A eficiência energética, a conservação dos recursos hídricos e reflorestamento – O caminho da redução das emissões no México”. Segundo Julio, a missão do México nos últimos anos foi criar um conceito do uso da água junto ao desenvolvimento econômico sustentável. Para tanto, está sendo investido US$ 32.4 bilhões em projetos de conservação entre o período de 2012 a 2018, divididos em três grandes temas: água potável e drenagem; saneamento; hidroagrícola. Com 14% da energia sendo produzida por hidrelétricas, o México tem muitos problemas relacionados a forte seca durante um período do ano e neve e furacões em outro período dificultando a captação de energias renováveis no pais.
Outra contribuição foi de um representante da embaixada da Palestina, Ibrahim Mohamed Khalil Alzeben, falando sobre a sustentabilidade energética no país. O embaixador mostrou que mesmo com recursos naturais escassos, o país está conseguindo se manter energeticamente por meio da energia solar, já que na Palestina faz sol 324 dias por ano. Com novas tecnologias de painéis solares, eles conseguem converter até 72% da energia solar em energia elétrica contra 10% de conversão dos painéis usuais.
Coleta seletiva e os caminhos para sua efetivação – Considerado a situação mais crítica no Brasil, o Lixão da Estrutural, localizado em Brasília, recebe diariamente cerca de 3 mil toneladas de lixo domiciliar e 5 mil toneladas de resíduos da construção civil por dia. Esse número equivale a todo o lixo produzido no Distrito Federal. Para esclarecer quais pontos ainda faltam para a construção dos aterros e a adequação à lei ambiental dentro da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), Paulo Celso dos Reis Gomes, subsecretário de Políticas de Resíduos Sólidos, esclareceu em quais pontos deve ser voltada a atenção dos gestores públicos para a efetivação da coleta seletiva.
De acordo com Celso, as palavras de ordem são reduzir, reutilizar e reciclar, dando foco na reciclagem com a inclusão dos catadores. Hoje, no Brasil, existem aproximadamente 800 mil catadores, sendo o segundo maior movimento social do país, ficando atrás somente do Movimento dos Sem Terra, segundo Celso. Ele alertou que essa inclusão não deve ser feita com o cunho de assistência social e sim ligada ao setor produtivo ligado ao vetor econômico.
“O encerramento de qualquer lixão é complexo”, argumentou Celso. De acordo com Celso, a primeira barreira para a adequação à PNRS é a construção de aterros sanitários. Na cidade administrativa de Samambaia, há cerca de 20km da capital federal, está sendo construído o primeiro aterro. Outros três devem ser construídos em parceria com os governos de seis municípios vizinhos. Além dos aterros, outras políticas públicas devem ser desenvolvidas para uma melhor gestão desses resíduos. “A ideia é aumentar o potencial de reciclagem junto à população, já que 35% do lixo de Brasília é seco, ou seja, potencialmente reciclável”, afirmou o subsecretário. Outra ação que deve ser feita é a criação de áreas para fazer reciclagem de resíduos da construção civil – 80% desses resíduos é facilmente reciclável. “Feito tudo isso, estaremos começando a trilhar um caminho de sustentabilidade na gestão de resíduos sólidos”, finalizou Celso.
Larissa Itaboraí