O Relatório de Desenvolvimento Humano 2014 divulgado pelo Programa das Nações Unidas (PNUD) dia 24/7 revelou que em todo o mundo houve desaceleração no crescimento do índice de desenvolvimento e, além disso, a desigualdade global teve leve diminuição. No entanto, a medição mais discrepante no cenário brasileiro se deu no Índice de Desenvolvimento de Gênero (IDG). Medido pela primeira vez este ano, o IDG sinalizou que a baixa representatividade das mulheres na política agrava a situação de gênero no Brasil. Segundo o relatório, a medição é feita com relação a diferença entre os sexos em conquistas de desenvolvimento humano para 148 países.
O indicador é elaborado com base em cinco dados: taxa de mortalidade materna, taxa de fertilidade na adolescência, proporção de mulheres no parlamento nacional, percentual de mulheres e homens com educação secundária e a taxa de participação de mulheres e homens no mercado de trabalho. Com nota de 0,441, o Brasil ficou com a posição 85ª no IDG. A medição varia de 0 a 1 com o valor mínimo atribuído a sociedades com menos disparidades entre homens e mulheres.
A taxa de mortalidade materna do Brasil é de 56 mulheres para cada 100 mil crianças nascidas vivas. Quanto à taxa de fertilidade na adolescência, das mulheres entre 15 e 19 anos foi de 70,8 para cada mil delas. Na educação houve progressos com mulheres se qualificando pouco mais que os homens; a parcela da população adulta com educação secundária é 51,9% entre as mulheres e 49% entre os homens. Já com relação ao mercado de trabalho o desafio é ainda maior. Os números apontam 59,5% das mulheres de mais de 15 anos trabalhando, contra 80,9% dos homens.
Na área mais discrepante do Brasil, que é a proporção de mulheres no parlamento nacional, o fato da presidente da República ser mulher não foi suficiente para ampliar o cenário para outras esferas da política, como por exemplo a eleição de mais deputadas, senadoras e governadoras. Segundo a coordenadora do Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil, Andréa Bolzon, nos outros indicadores o Brasil está bem próximo da média da América Latina, mas, no caso da representação política, está muito atrás.
Dentre os países medidos pelo IDG a Eslovênia, localizado no leste da Europa, foi considerado o país com menor desigualdade de gênero, com IDG de apenas 0,021, seguida por Suíça (0,030) e Alemanha (0,046). As últimas posições ficaram com Afeganistão (0,705), Chade (0,707) e Iêmen (0,733).
Outra análise feita pelo Relatório foi com relação aos países que compõem os Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Na África do Sul, a taxa de mortalidade materna chega a 300 mulheres para cada 100 mil nascidos vivos. A China registra níveis baixos de fertilidade na adolescência, com apenas 8,6 mães de 15 a 19 anos a cada mil nascimentos e o melhor IDG do grupo, na 37ª posição. Na Rússia, a taxa de mortalidade materna é a menor do bloco, com 34 óbitos a cada 100 mil nascimentos. A Índia não teve o Índice de Desigualdade de Gênero calculado.
O Relatório se baseou no Índice de Desenvolvimento Humano de 2013 (IDH) e esse ano tem como tema a vulnerabilidade e a resiliência. De acordo com o PNUD, uma das formas de diminuir a vulnerabilidade é erradicar o trabalho infantil e garantir as sistemas de proteção social. De acordo com o PNUD, a desigualdade social apresentou diminuição principalmente por causa da melhoria nos indicadores de saúde.
Segundo dados do Relatório, o Zimbábue foi o país que mais avançou no IDH devido a um aumento significativo da expectativa de vida – de 1,8 ano entre 2012 e 2013, quase quatro vezes maior que o crescimento médio global. Noruega, Austrália, Suíça, Holanda e os Estados Unidos permanecem no topo por mais um ano, enquanto Serra Leoa, Chade, República Centro-Africana , República Democrática do Congo e Nigéria continuam no final da lista. O IDH do Relatório de 2014 abrange 187 países e territórios.