São Paulo – O ministro da justiça José Eduardo Cardozo, afirmou que 110 homens da Força Nacional e 100 da Polícia Federal chegaram na manhã de hoje a Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. O grupo vai conter os recentes conflitos envolvendo indígenas e fazendeiros.
A decisão foi anunciada ontem, quando Josiel Gabriel, de 34 anos, foi baleado nas costas em tiroteio durante a ocupação por 300 integrantes da tribo Terena da fazenda São Sebastião, em Sidrolândia. Sem risco de morrer, o índio foi levado para Campo Grande – a 70 km da região. Josiel seria parente de Oziel Gabriel, morto na semana passada em troca de tiros durante a ação de reintegração de posse da fazenda Buriti.
Uma mudança na política de demarcação de terras indígenas é a razão dos protestos dos índios. O Governo Federal quer tirar da Funai o privilégio na delimitação desses espaços, criando um sistema que integraria informações oriundas da Embrapa e do Ministério da Agricultura – entre outros órgãos. “A Funai tem um papel importantíssimo e continuará tendo nas demarcações”, garantiu Cardozo.
Territórios superlotados
Com o segundo maior contigente de índios do país (73.295, segundo Censo 2010), o Mato Grosso do Sul apresenta 51 territórios indígenas pequenos e superpovoados em comparação a outras áreas.
Principal grupo envolvido na ocupação de fazendas em Sidrolândia, os terenas somam 28 mil no estado. Ao todo, eles contam com uma área de 200 km² (distribuída em sete reservas exclusivas) – o que dá uma média de 140 indíos por km². Com 4800 pessoas e 26 mil km², o Parque do Xingu (MT) tem densidade muito menor: 0,2 habitante por km².
A etnia não é a única a sofrer com o problema de superlotação dos territórios. Em Dourados (MS), cerca de 12 mil terenas e guaranis dividem menos de 35 km². Lá, a densidade é de 340 pessoas por km² – 3,5 vezes maior do que a de Campo Grande, capital do estado. Os dados são da Folha e do Instituto Socio Ambiental.
O Brasil conta hoje com 688 territórios indígenas que ocupam juntos 13% da área do país (98% deles localizados na Amazônia). Ao todo, vivem no Brasil cerca de 900 mil índios – a maioria deles alfabetizados e com acesso a energia elétrica, mas sem nenhuma fonte de renda.