Apesar da falta de educação no trânsito das capitais “Perfil do Ciclista Brasileiro” aponta que as pessoas utilizam cada vez mais a bicicleta como meio de transporte e ainda cita os principais destinos e demandas de quem usa.
Com trânsitos cada vez mais congestionados e um cenário onde não cabem mais carros nas ruas e nem mais ruas nas cidades, cresce cada vez mais o número de usuários de bicicleta como meio de transporte público urbano. De acordo com o estudo inédito intitulado Perfil do Ciclista Brasileiro, 88,1% dos ciclistas, motivados especialmente pela praticidade e rapidez de se locomoverem, utilizam bicicleta como meio de transporte principalmente para irem ao trabalho. O estudo, lançado esse mês, foi produzido pelas organizações-não governamentais Observatório das Metrópoles e Transporte Ativo e contou com o apoio de outras organizações.
De acordo com Renata Florentino, coordenadora da ONG brasiliense Rodas da Paz, o maior desafio para aumentar os índices de participação das formas de transporte ativo (que incluem não apenas o uso da bicicleta, mas também os deslocamentos a pé) é a humanização das vias. “Humanizar as vias requer um esforço conjunto no sentido de reduzir limites de velocidades e requalificar o espaço urbano pensando aspectos como, a acessibilidade de calçadas, arborização, oferta de praças e espaços de convivência e a integração com o transporte público. A Rodas da Paz foi uma das organizações parceiras e coordenou o trabalho de coleta de dados e análises no DF.
Segundo o estudo, para 34,6% dos entrevistados o maior problema no dia a dia de quem pedala é a falta de educação no trânsito, seguido de falta de infraestrutura cicloviária, com 26,6%; falta de segurança no trânsito, com o percentual de 22,7%; segurança pública, marcando 7,4% e por último aparecem os problemas relacionados à sinalização, com 3,3%.
Ainda de acordo com o Perfil do Ciclista, os destinos de quem utiliza bicicleta são: trabalho (88,1%), lazer (76%), compras (59,2%), escola/faculdade (30,5%). Ao todo, foram entrevistados 5.012 ciclistas nas cidades de Aracaju (SE), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Manaus (AM), Niterói (RJ), Porto Alegre (RS), Recife (PE), Rio de Janeiro (RJ), Salvador (BA) e São Paulo (SP).
A pesquisa, que conta com abrangência nacional, foi realizada entre agosto e setembro deste ano e informou renda, escolaridade, motivações e principais destinos e demandas de quem anda de bicicleta para deslocamentos. Segundo os organizadores da pesquisa, o objetivo era preencher um espaço onde até então havia escasso conhecimento sobre os usuários e o uso da bicicleta como transporte urbano no Brasil. “São informações inéditas que servem como subsídios para que gestores públicos, urbanistas e outros atores envolvidos formulem uma agenda mais precisa e robusta de políticas públicas e ações de promoção do transporte cicloviário – podendo ser utilizado tanto por entidades da sociedade como por gestores públicos”, explicou Renata.
As organizações parceiras foram: Rodas da Paz (Brasília), Ciclourbano (Aracaju), BH em Ciclo (Belo Horizonte), Pedala Manaus, Mobilidade Niterói, Mobicidade (Porto Alegre), Ameciclo (Recife), Bike Anjo Salvador, Ciclocidade (São Paulo) e União dos Ciclistas do Brasil.
O Perfil do Ciclista Brasileiro completo com dados específicos de cada região, está disponível no site do Observatório das Cidades.
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