Existem aqueles que defendem o uso dos agrotóxicos e dizem que esses produtos não fazem mal algum às pessoas. Há os que não estão nem aí se fazem mal ou não e sequer pensam em quem está na roça lidando diretamente com esses venenos. E existem os que se preocupam, estudam, buscam se informar, com base em pesquisas sérias. Nós do Partido Verde compomos esse último grupo. Por isso, fomos em busca de estudos e do posicionamento de entidades que se preocupam com o bem-estar e a saúde das pessoas, isso sem falar no meio ambiente.
Somente este ano, 290 produtos foram liberados pelo governo brasileiro. No dia 22 de junho, o Diário Oficial da União registrou a liberação de 51 tipos de agrotóxico no mercado nacional. Segundo documento elaborado pelo Greenpeace, desses 51 itens, 18 são extremamente ou altamente tóxicos. Ainda de acordo com o documento, entre os 290 produtos liberados este ano, 41% (118) são considerados extremamente ou altamente tóxicos e 32% são proibidos na União Europeia.
Por isso, estamos trazendo aqui alguns posicionamentos e estudos acerca do mal que os agrotóxicos podem causar à saúde, tanto dos humanos, quanto dos animais. Prevenir é, sim, o melhor remédio, mas a prevenção só é possível com base em conhecimento.
Começamos pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) – A instituição alerta, em sua página na internet: “Estudos nacionais e internacionais não deixam dúvidas sobre os danos causados por esses produtos na população, principalmente nos trabalhadores e comunidades rurais, e no meio ambiente. Além da contaminação dos alimentos, da terra, das águas – que em algumas situações torna-se imprópria para o consumo humano – temos a intoxicação de seres vivos, como os mamíferos (incluindo o homem), peixes, aves e insetos. Regiões com alto uso de agrotóxicos apresentam incidência de câncer bem acima da média nacional e mundial”.
Em outro texto, o instituto fala sobre as formas de exposição e os principais efeitos à saúde: “Efeitos crônicos – Dificuldade para dormir, esquecimento, aborto, impotência, depressão, problemas respiratórios graves, alteração do funcionamento do fígado e dos rins, anormalidade da produção de hormônios da tireoide, dos ovários e da próstata, incapacidade de gerar filhos, malformação e problemas no desenvolvimento intelectual e físico das crianças, câncer”.
E ressalta, ainda: “A associação entre exposição a agrotóxicos e desenvolvimento de câncer ainda gera polêmicas, principalmente porque os indivíduos estão expostos a diversas substâncias, sem contar outros fatores genéticos. Porém, é importante salientar que estudos vêm mostrando o potencial de desenvolvimento de câncer relacionado a diversos agrotóxicos, justificando a recomendação de precaução para com o uso e contato”.
Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) – A associação publicou em sua página na internet, no dia 25 de janeiro último, o texto “Agrotóxicos, os vilões da saúde”. Na matéria, Juliana Nabarrete, nutricionista do hospital Albert Einstein e membro do Comitê de Nutrição da Abrale, explica que “os procedimentos de higienização, como deixar o alimento em água com hipoclorito de sódio, lavá-los em água corrente e retirar cascas e folhas externas contribuem para redução dos resíduos de agrotóxicos presentes no exterior, porém, são incapazes de eliminar aqueles que estão no interior do alimento”.
O oncologista Felipe Ades, do Hospital Oswaldo Cruz, de São Paulo, esclarece que “cada substância agrotóxica pode ter um efeito diferente no corpo humano e pouco se sabe sobre o seu real efeito, porque não se fazem estudos aplicando substâncias tóxicas em pessoas”. De acordo com ele, “o maior estudo desse tipo avaliou agricultores que pulverizavam glifosato, um tipo de agrotóxico. Essas pessoas receberam uma carga da substância muitas vezes maior do que a carga das pessoas que se alimentam. Nesse estudo, foi visto um pequeno aumento de linfoma de Hodgkin nesses trabalhadores”.
A matéria informa que, “além do linfoma de Hodgkin, os agrotóxicos também podem causar: problemas neurológicos, dificuldades respiratórias, irritações na pele, manifestações gastrointestinais, alterações no sistema reprodutor masculino e feminino, além de cânceres no cérebro, mama, esôfago, de pele e sistemas digestivo e de reprodução”.
Nações Unidas – A ONU já traz dados mundiais. Segundo a organização, “agrotóxicos e outras substâncias químicas matam 193 mil pessoas no mundo por ano”. Segundo o representante da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) no Brasil, Joaquín Molina, “combater a exposição e a intoxicação das pessoas por agrotóxicos, por meio de alimentos ou ambientes contaminados, permitiria reduzir os casos de doença cardíaca isquêmica e acidentes vasculares cerebrais. Juntas, as duas complicações de saúde são as principais causas de morte no mundo. Outra medida deve ser a proteção de trabalhadores que correm risco de terem contato com produtos químicos prejudiciais ao organismo”.
Artigos acadêmicos e estudos – No artigo acadêmico “Agrotóxicos e seus impactos na saúde humana e ambiental: uma revisão sistemática”, Carla Vanessa Alves Lopes e Guilherme Souza Cavalcanti de Albuquerque, do Observatório do Uso de Agrotóxicos e Consequências para a Saúde Humana e Ambiental no Paraná, do Núcleo de Estudos em Saúde Coletiva, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), realizaram uma revisão sistemática dos diversos estudos que “comprovam os malefícios para a saúde humana e ambiental da exposição aos agrotóxicos”, no período de 2011 a 2017.
Segundo eles, foram incluídos 116 estudos que demonstraram o impacto negativo para a saúde humana e ambiental. Todos esses estudos são citados no artigo acadêmico, muitos deles com links para acesso; outros, com dados completos, permitindo serem pesquisados.
Nós do Partido Verde acreditamos na informação de estudos e pesquisas sérios, em instituições que se preocupam de fato com o ser humano e o meio ambiente, muito além do capital pelo capital, do mercado pelo mercado, de quem visa apenas ao lucro em detrimento da saúde das pessoas.
1 Comment
Fernando
Quero deixar registrado que a falta de saneamento básico causam poluição dos rios e uma quantidade enorme de doenças, mas é bem mais cômodo alardear a população com assuntos como os agrotóxicos, bioma da Amazônia e derretimento das geleiras….Ainda espero encontrar uma Fundação que assuma esse desafio e uma população que seja menos egoísta, hipócrita, e assim, mudaremos as pessoas, e assim, mudaremos pra melhor o mundo.
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