Presos do Centro de Detenção Provisória (CDP) “ASP Sandro Alves da Silva” de Serra Azul, município do estado de São Paulo, estão aproveitando madeiras que seriam descartadas como entulho para a construção de casinhas de cachorros.
A iniciativa, que recebeu o nome de “Projeto Acolher”, nasceu quando o diretor da unidade, Valdemar Alves dos Santos, viu uma publicação na rede social de um empresário de Serrana sobre instalação de pontos de alimentação e de bebedouros para animais em situação de rua.
“Entrei em contato com o Wagner [empresário] para falar sobre um projeto semelhante desenvolvido em outro presídio da Secretaria da Administração Penitenciária [SAP], que era a construção de casinhas para cães, e me coloquei à disposição para desenvolver essa ação também no CDP de Serra Azul”, conta Santos.
A oportunidade de obter matéria-prima para a produção das casinhas surgiu durante a reforma de uma quadra municipal de esportes, cujo piso de madeira seria substituído. “O Wagner teve conhecimento de que a madeira, inicialmente, seria descartada como entulho. Então, conseguimos que o município doasse o material para o nosso projeto”, frisa o diretor.
De demolição a construção
Já com a matéria-prima em mão, o projeto começou a ser executado. Empresários de Serrana, engajados na causa, ficaram responsáveis pelo fornecimento de outros materiais, como pregos, parafusos e lixas, por exemplo, enquanto a unidade prisional disponibilizou a mão de obra carcerária para a confecção das casinhas.
Quatro presos, que já atuavam no trabalho de marcenaria, iniciaram a construção das casas, de forma voluntária. “As madeiras foram cortadas em vários tamanhos, lixadas, plainadas e furadas. Até o momento, foram montadas dez casinhas para cães”, enumera Santos.
O diretor explica ainda que, na medida em que as casas forem sendo construídas, serão distribuídas a entidades de proteção animal que realizam feiras de adoção na cidade e região. “O objetivo é que, ao adotar um animal, a pessoa ganhe uma casinha para o seu novo bichinho de estimação”, explica.
Parceiro no projeto, o empresário Wagner Cândido destaca que a distribuição das casinhas para ONGs de proteção animal deve incentivar a adoção de pets de rua. “Não podemos deixar de citar, também, os benefícios para os presos. Existe a possibilidade de ressocialização do detento, aliando o trabalho a esse projeto social”, pontua.
Um dos reeducandos que atua na construção das casinhas, Ronaldo César Justino, de 52 anos, destaca que a iniciativa colabora para a reinserção do preso ao convívio social e também com a causa animal. “Além de ocupar o tempo, ocupa a mente. É bom saber que estamos pagando a nossa dívida com a sociedade e ainda ajudando a cuidar dos animais abandonados. Participar desse projeto nos ajuda a recuperar a autoestima”, finaliza.