Estamos vivendo um grande impasse: se continuarmos crescendo economicamente, emitindo gases de efeito estufa e desmatando as florestas tropicais, a humanidade sofrerá as graves consequências das mudanças climáticas.
O meio ambiente está tomado por enfisemas e o planeta começa a ter dificuldade de respirar e oxigenar o corpo, colocando o sistema respiratório em risco total.
Por meio de um relatório assinado por mais de 200 cientistas, revisado e aprovado em sessão plenária que durou duas semanas, a ONU emitiu um alerta vermelho sobre as mudanças climáticas no mundo.
Vejamos um resumo dos principais pontos do relatório:
- Os cientistas não têm dúvidas de que as atividades humanas aqueceram o planeta. Mudanças rápidas e generalizadas ocorreram no clima do planeta e alguns impactos estão agora se concretizando.
- A ciência de atribuição melhorada encontra evidências do impacto da humanidade em todo o sistema climático, as emissões causadas pelo homem são agora responsáveis por um planeta alterado e menos estável.
- O planeta aquecerá em pelo menos 1,5 °C em todos os cenários. No caminho mais ambicioso de emissões, alcançamos 1,5 °C nos anos 2030, ultrapassando 1,6 °C, com as temperaturas caindo de volta para 1,4 °C no final do século.
- Os cientistas são claros quanto à necessidade de combater outros gases de efeito estufa além do CO₂, no curto prazo. As emissões de metano – um poderoso gás de efeito estufa – são particularmente preocupantes.
- O mundo natural será prejudicado por mais aquecimento, portanto os ecossistemas terrestres e oceânicos têm uma capacidade limitada para nos ajudara resolver o desafio climático.
- Os tomadores de decisão precisam implementar planos de emissão zero líquido se quisermos parar o aquecimento. A remoção do dióxido de carbono é uma ferramenta crucial, mas que só será útil quando acompanhada por rápidas e profundas reduções de emissões.
- As estimativas do orçamento de carbono restante – uma forma simplificada de avaliar quanto mais CO₂ pode ser liberado – foram melhoradas desde os relatórios anteriores, mas o orçamento de carbono permanece praticamente inalterado.
Fonte: ClimaInfo.org.br.
O Pará abriga parte significativa da floresta amazônica e tem sido responsável por grande volume nos desmatamentos, contribuindo negativamente para o aquecimento global e, consequentemente, sendo vetor das mudanças climáticas.
Uma constatação trazida pelo relatório do clima, e dita com todas as letras, uma verdade científica incontestável, é que o desmatamento da floresta amazônica tem correspondido a grandes emissões de gases de efeito estufa em decorrência das atividades humanas.
O modelo econômico extrativista, concentrador de riquezas e causador de crimes ambientais, e a ausência de ação do poder público no cumprimento da legislação ambiental têm sido a opção política dos governantes e poderosos paraenses desde sua colonização.
A opção política dos governantes e poderosos do Pará, desde a colonização, é a de adotar um modelo econômico extrativista, concentrador de riquezas e, consequentemente, promotor de crimes ambientais, além de perpetuar a ausência de ação do poder público no cumprimento da legislação ambiental.
Reverter a tendência de emissões de gases, parando completamente o desmatamento e criando condições de uso sustentável da floresta e da biodiversidade amazônica, é urgente. Trata-se de uma atitude ética com a humanidade.
Os próximos governos paraenses, sejam de que partido forem, devem ser escolhidos com base em um programa de governo que albergue a exigência de salvação do planeta e da humanidade. Não há mais tempo para postergarmos as providências.
Portanto, o mais urgente não é saber quem nos governará, mas como nos governará e como reverterá o modelo econômico, adotando políticas públicas que combatam a pobreza, gerem emprego e possibilitem distribuição de riqueza sem destruir a floresta e sem emitir gases.
*O artigo acima é de total responsabilidade do autor.
José Carlos Lima – Advogado, presidente estadual do Partido Verde no Pará e diretor-executivo da Fundação Verde
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