A Fundação Verde ajuda você a criar seu plano de sustentabilidade pessoal, um para cada mês do ano
Para muita gente, os principais propósitos para 2022 são poder levar uma vida sem a constante ameaça de novas variantes do coronavírus e barrar o total colapso ambiental do planeta. Diante de um cenário de incertezas, negacionismo, baixo percentual de vacinados e avanço indiscriminado da devastação de biomas, muitos nutrem a esperança de que os governos respeitem os acordos climáticos, as empresas cumpram rígidos protocolos ambientais e a pandemia seja completamente controlada.
Mas, neste momento, é importante que você faça o que realmente está ao seu alcance no dia a dia para que o planeta seja preservado e novas pandemias sejam evitadas. O compromisso com o que você deseja para si mesmo e para o mundo é a essência da sustentabilidade pessoal.
Cultivar novos hábitos para uma vida longa e saudável – nossa e do planeta – começa, então, por aceitar a própria responsabilidade ambiental e social. Antes de partir para a prática, é importante observar atentamente a realidade para identificar honesta e objetivamente quais compromissos pessoais você pode assumir em defesa da vida do planeta. Depois, você traça os objetivos e desenvolve a paciência, pois mudança de hábitos é um processo.
Embora seu plano de sustentabilidade pessoal seja inicialmente holista, a efetiva ação se dará em pequenos atos cotidianos: desde ir de bicicleta para o trabalho ou usar produtos mais ecológicos até reciclar ou comer alimentos orgânicos e saudáveis.
E, para atingir seus propósitos sustentáveis em 2022, a Fundação Verde Herbert Daniel ajuda você a organizar um plano de sustentabilidade pessoal. São 12 passos, um para cada mês do ano, para inspirar todos aqueles que querem fazer parte da onda verde em prol do planeta.
- Para janeiro: diagnóstico, reflexão e aprendizado
Uma das coisas mais importantes para atingir a sustentabilidade pessoal é avaliar seus atuais hábitos, refletir sobre eles e aprender sobre rotinas mais sustentáveis. Para isso, é crucial pesquisar, perguntar, estudar e se informar sobre o universo em que está entrando. Que tal aproveitar este primeiro mês do ano para iniciar sua jornada de conhecimento? Veja dez opções gratuitas de palestras, podcasts, livros e cursos que vão ajudar você em seu plano de sustentabilidade pessoal:
- Palestra TEDx: O que é essa tal de sustentabilidade?
- Palestra TEDx: Sustentabilidade na prática
- Podcast “O tempo virou episódio #23”: Lixo zero: uma meta possível?
- Podcast “O clima entre nós episódio #01”: O que acontece se a Amazônia acabar?
- Lista 20 livros gratuitos sobre Meio Ambiente
- Cursos da ONU para Aprendizagem sobre Mudança Climática
- Cursos da Learncafe sobre meio ambiente e sustentabilidade
- Curso Consumo consciente de energia
- Curso Horta urbana orgânica
- Curso Educação ambiental
2. Para fevereiro: consumo consciente
Boa parte das matérias-primas extraídas da natureza e transformadas em produtos acaba como resíduo. Dessa forma, precisamos diminuir ao máximo nosso consumo e dar preferência para produtos mais duráveis ou que possibilitam reutilização. Outra importante ação é apostar em produtos locais que, em geral, são ambientalmente menos agressivos – e você ainda vai ajudar a economia da sua comunidade. Os produtos locais também não geram tanta poluição com o transporte. É crucial abolir embalagens descartáveis e plásticas. Opte pelas retornáveis. Comece a exercitar sua sustentabilidade pessoal nesse mês: evite comprar, carregue suas compras em bolsas de pano e dispense descartáveis – leve com você uma garrafinha ou caneca.
- Para março: reciclagem
Uma ótima forma de iniciar sua jornada de sustentabilidade pessoal em março é produzindo menos lixo, reutilizando tudo o que for possível, reduzindo o uso de embalagens, separando recicláveis de orgânicos e descartando tudo em recipientes adequados. Os brasileiros ainda não aderiram seriamente à reciclagem. Somos responsáveis pela produção de milhões de toneladas de lixo todo ano e apenas 3% são reciclados. Cerca de 30% vão para lixões e aterros. Há plásticos, por exemplo, que demoram mais de 400 anos para degradar. Alguns itens como baterias, pilhas, lâmpadas, pneus, óleo de cozinha, remédios, seringas são altamente tóxicos para o meio ambiente e necessitam de cuidados especiais no descarte. Informe-se em sua cidade sobre os pontos de coleta desses objetos. Neste site, você encontra informações detalhadas sobre a classificação de resíduos para o correto descarte.
- Para abril: desperdício zero de comida
Considere o desperdício de comida, além de uma afronta ambiental e social, um prejuízo para o seu bolso. É tão paradoxal que quase metade da população brasileira esteja em insegurança alimentar e boa parte de todos os resíduos produzidos no país sejam sobras de comida! Cada brasileiro que tem acesso a refeições diárias descarta mais de 40 quilos de comida por ano. Não faça parte dessa estatística. No seu plano de sustentabilidade pessoal, aproveite integralmente cada alimento, evite ir às compras sem uma lista, não estoque comida, organize os produtos na despensa pela data de validade e reaproveite as sobras.
- Para maio: desperdício zero de energia e água
Também são vilões do desperdício lâmpadas comuns acesas e torneiras abertas sem necessidade, eletrodomésticos e eletrônicos o tempo todo em stand by, vazamentos e banhos demorados (cinco minutos com o chuveiro ligado, por exemplo, consomem, em média, 45 litros de água). Então, no seu plano de sustentabilidade pessoal, é importantíssimo que você economize água e energia: reduza seu tempo no chuveiro, conserte vazamentos, feche torneiras, leia o rótulo de eletrodomésticos e eletrônicos antes de comprá-los para saber seu consumo, substitua lâmpadas comuns por lâmpadas de LED, apague as luzes e aproveite ao máximo a luz natural. Neste site, você consegue calcular o gasto de energia e de água de seus banhos.
- Para junho: autocuidado ecológico
Hoje em dia, é possível conciliar o autocuidado e o respeito ao meio ambiente graças a produtos mais sustentáveis. A indústria da beleza tem investido em propostas que atendem a urgência de mudanças comportamentais em relação ao meio ambiente. Você encontra uma variedade de produtos com esse perfil e é importante, para o seu plano de sustentabilidade pessoal, reconhecer aqueles que vão atender melhor suas necessidades de autocuidado. Temos os naturais (sem compostos químicos), os orgânicos (naturais com mais de 95% de insumos orgânicos), os livres de crueldade (não fazem testes em animais) e os veganos (sem componentes de origem animal). Uma boa experiência de sustentabilidade pessoal é adotar o xampu sólido, bem mais ecológico e com melhor custo-benefício do que o líquido (inclusive porque a maioria deles dura muito mais do que um vidro de xampu), pois reduz consideravelmente o uso de plásticos descartáveis e são encontrados nas versões natural, orgânica, vegana e livre de crueldade, portanto comprometem menos o meio ambiente.
- Para julho: faxinas mais naturais
Claro que todo mundo gosta de uma casa limpa e cheirosa. E isso nunca foi tão importante quanto nos dois últimos anos, durante o confinamento, devido à pandemia. Porém, ter casa limpa não é sinônimo de usar todos aqueles produtos caros, perfumados e prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. Em primeiro lugar, porque todos eles vêm em embalagens plásticas que acabam lotando o planeta de mais lixo. Em segundo, porque fragrâncias e fosfatos presentes na maioria deles entram nos cursos de água e geram uma poluição considerável. E terceiro, porque a maioria contém produtos químicos potencialmente danosos para a nossa saúde. Então, no seu plano de sustentabilidade pessoal, é importante usar produtos mais naturais para limpar a casa como bicarbonato de sódio ou vinagre. Esse hábito vai reduzir resíduos plásticos, alergias e problemas de pele, e você ainda vai economizar bastante.
- Para agosto: mobilidade sustentável
Congestionamentos, uso de combustíveis fósseis e emissão de gás carbônico na atmosfera são efeitos do alto volume de carros particulares que circulam diariamente em avenidas do mundo todo, o que afeta consideravelmente o meio ambiente. Um único veículo produz cerca de uma tonelada de gás carbônico a cada três mil quilômetros rodados. Você pode ajudar a reduzir esses impactos ambientais adotando uma locomoção mais sustentável. Para isso, trocar o carro pelo transporte coletivo, ou pela bicicleta, ou por caronas solidárias, ou por carros compartilhados e até andar a pé são as melhores opções, inclusive para o bolso.
- Para setembro: menos é mais
A cada nova estação, a indústria da moda lança tendências que provocam uma avalanche de compras desnecessárias e descartes inadequados. É a moda rápida, que combina preços baixos e incentiva o consumismo. Mas o barato sai muito caro… Quem vê uma bela vitrine não imagina os danos ambientais causados por essa indústria: altas taxas de emissão de gás carbônico, desperdício e poluição da água, uso de recursos não renováveis, poluição química, emprego de mão de obra análoga à escravidão e geração de resíduos, inclusive microplásticos. Além de tudo isso, você não pode se esquecer do prejuízo financeiro desse hábito – basta somar os valores que pagou em cada peça de roupa usada poucas vezes e esquecida em um canto do armário. E não se esqueça da sensação de não ter roupa apesar de um armário abarrotado.
Como parte do seu plano de sustentabilidade pessoal, invista no essencial, esqueça o supérfluo e monte um guarda-roupa cápsula sustentável, mais simples e minimalista, com peças atemporais, duráveis, confortáveis, de tecidos biodegradáveis e que realmente combinem com seu estilo. Procure usar uma roupa até não poder ser reutilizada ou não servir mais – nesse caso, doe. E use a imaginação e a criatividade para montar looks com poucas peças.
- Para outubro: a boa e velha segunda mão
Se você tem o hábito de comprar produtos usados, além de economizar, está em sintonia com o consumo consciente. Isso porque a fabricação de qualquer mercadoria implica emissões de gases de efeito estufa, geração de resíduos e alto consumo de recursos naturais. Mas, se você não tem o hábito de frequentar brechós ou sites de usados, procure rever seus conceitos. A aquisição e a venda de produtos de segunda mão fomenta a economia circular, aumentando a vida útil de um produto e ajudando a preservar o planeta. Outra solução é usar suas habilidades para estilizar, reaproveitar ou reciclar objetos antigos ou em desuso, dando-lhes uma segunda vida, uma cara nova e até uma utilidade diferente da original.
Piano velho que virou estante de livros/Pinterest.
- Para novembro: cardápio baseado em vegetais
O agronegócio é uma das principais causas da destruição do planeta, pois polui a água e o solo, utiliza agrotóxicos, emite grandes quantidades de gases do efeito estufa, devasta grandes proporções de terra (inclusive reservas), extingue animais silvestres e prioriza monoculturas. Então, uma das formas de minimizar esses danos é reduzindo o consumo de carnes e derivados. Inclua no seu plano de sustentabilidade pessoal o aproveitamento de varandas, terraços e jardins para cultivar alimentos, plantar flores nativas que atraem polinizadores e criar uma caixa de compostagem.
- Para dezembro: semeando corações verdes
A essa altura de sua jornada, juntar seu plano de sustentabilidade pessoal ao de outras pessoas será muito positivo e proveitoso para a luta ambiental. Milhares de pessoas ao redor do mundo são voluntárias em organizações não governamentais com projetos que vão desde a educação ambiental até a luta por políticas públicas de conservação e proteção de biomas. Seus esforços em mudar hábitos são cruciais para essa luta, mas não serão capazes, apenas individualmente, de barrar o aquecimento global e a destruição do planeta. São necessárias consciência cidadã e ações coletivas para pressionar governos e empresas a cumprir acordos climáticos e sancionar leis ambientais mais rígidas.
Com esses 12 passos, esperamos que você tenha sucesso no seu plano de sustentabilidade pessoal e diminua sua pegada de carbono.