Com hidroponia e aeroponia, serão produzidos frutas e vegetais sem agrotóxicos.
As metrópoles verticalizaram nosso modo de viver, mas com criatividade vamos encontrando soluções e abrindo espaços. Já usamos as coberturas de prédios para festas, como área de lazer e, agora, é cada vez mais comum também o cultivo de plantas e alimentos. Em Paris, capital da França, acaba de ser inaugurado uma super fazenda urbana de 14 mil m² no telhado. O plantio ainda não cobre toda esta área, mas quando isso acontecer ela poderá ser considerada a maior da Europa e talvez do mundo.
Batizada de Nature Urbaine, o projeto é realizado no Paris Expo Porte de Versailles -, o maior parque de exposições da França. No topo do prédio, serão produzidas mais de mil frutas e vegetais por dia, de cerca de 20 espécies diferentes.
Haverá sempre alimentos sazonais e fresquinhos da horta. Vinte jardineiros serão responsáveis por cuidar do cultivo e, o melhor, sem usar agrotóxicos ou fertilizantes químicos.
A empresa Agripolis, responsável pela implantação, também gerenciará o espaço para diversos usos. Haverá, por exemplo, oficinas, passeios educacionais sobre agricultura urbana, área para eventos corporativos, entre outros serviços.
Uma estufa foi criada para acomodar até 100 pessoas e outro espaço menor, de 43 m2, para grupos pequenos e ao ar livre. Com a pandemia, áreas internas certamente não serão o mais desejado neste momento, mas futuramente servirão para a realização de atividades.
Além disso, já funciona um bar e restaurante, chamado Le Perchoir, com terraço panorâmico, que absorve parte da produção. O restante é comercializado em mercados do bairro.
Método de cultivo
Duas técnicas de cultivo são adotadas nesta fazenda urbana: hidroponia e aeroponia. Em nenhuma se usa terra.
A hidroponia consiste em usar uma mistura equilibrada de água com nutrientes para o desenvolvimento das plantas. Já o aeropônico é um método onde as raízes das plantas ficam suspensas e também não precisam de solo. Em alguns plantios, também é usado substrato de fibra de coco.
Em calhas são produzidos tomates, berinjela, pepino. Já em colunas verticais de PVC e bambu são produzidos morangos, vegetais folhosos e ervas diversas – cebolinha, salsa, manjericão, coentro, sálvia.
Apesar da França ser um país de muitos campos e fazendas, os moradores da capital, como de qualquer grande cidade, precisam se reconectar com a origem da comida que chega ao prato. Com base nisso, haverá ainda um projeto em que moradores – aspirantes ao plantio urbano – poderão alugar pequenos lotes para cultivar seus próprios alimentos. Neste caso, a área é separada e o plantio é realizado no solo, do modo convencional. Mas, os “inquilinos” terão passe livre para circular por toda a área e aprender novas técnicas.
“A Nature Urbaine é uma alavanca para uma Paris mais resiliente. Permite a criação de vínculos sociais, a reconexão dos parisienses com a natureza, a conscientização de uma alimentação melhor, o suprimento de produtos frescos e locais, o desenvolvimento da natureza na cidade, a biodiversidade, a criação de empregos verdes”, destaca Pascal Hardy, presidente do projeto.